domingo, 29 de dezembro de 2013

Resenha de Show: Cauldron e Bandas Locais Fervem a Embaixada do Rock (São Leopoldo/RS)


Grupo canadense encerrou primeira turnê brasileira em solo gaúcho

Com a dificuldade de um domingo (01/12), São Leopoldo/RS foi palco de mais uma atração internacional que debutava em terras brasileiras, a banda canadense Cauldron. Mas, antes disso, 3 apresentações de bandas de Porto Alegre/RS: The Muckers, Sacrario e Leviaethan.

Fabbio Wbber comandou o massacre do quarteto Sacrario

Infelizmente, devido ao começo bastante cedo dos shows, perdemos a apresentação da The Muckers, mas conseguimos chegar a tempo de assistir a banda de Thrash Metal Sacrario desfilar sua sonoridade agressiva, de um grupo com duas décadas de história, experiência nos palcos de países como Argentina e Chile.

Sacrario parecia incendiar a Embaixada do Rock

O massacre foi total com as principais composições do grupo, como “Stigma of Delusion”, “Urban Chaos” e “Asesinos de Mentes” e “God Against God”, que fechou o curto set dos Thrashers gaúchos, além de rolar a obrigatória “Bonded By Blood” (Exodus), provavelmente o melhor cover desse clássico feito no Brasil. A Sacrario, apesar do baixo público e este ainda apático, fez um verdadeiro ritual de música pesada, provando, para quem ainda pudesse ter dúvidas, que é um dos grandes nomes brasileiros.

O grupo, que está preparando novo disco para 2014, destaca-se pela grande energia e técnica no palco. Fabbio Webber (vocal e guitarra) fica literalmente possuído pelo som, tanto que em certo momento desce do palco e vai no meio do público agitar, sempre com muita agressividade e energia. Gustavo Stuepp (baixo), assim como Ricardo Lemos (guitarra), que felizmente voltou à banda, mostram uma coesão sonora absurda, digna de músicos que já dividiram o palco inúmeras vezes. Por fim, Everson Krentz, baterista único e com grande talento, podendo ser considerado um dos grandes do Thrash Metal brasileiro.

Mais de 30 anos de história dedicados ao Thrash Metal

Outra aguardada atração era a Leaviaethan, com seus 30 anos de carreira, sempre tendo à frente a iminente figura de Flávio Soares (vocal e baixo). Baseando-se nos dois LPs que já são considerados clássicos (“Smile”, de 1989, e “Disturbed Mind”, de 1992), a banda, mesmo com desfalque de um dos guitarristas e com o baterista ainda se recuperando do acidente de trânsito sofrido pela banda meses atrás, mostrou toda sua experiência em executar o Thrash Metal oitentista, com uma maior participação do público, que já se concentrava um pouco mais perto do palco, e bateram cabeça com clássicos como “Drinking Death”, “A.I.D.S.”, “Echoes From The Past” e “Disturbed Mind”.

Jason Decay, jovem e inveterado, agitou o público que estava ansioso pelo show da banda

Cauldron – A tradução literal nos transporta para o artefato de ferro usado no cozimento de alimentos em grandes quantidades. Na mitologia Wicca, o caldeirão está atrelado sempre à fertilidade e a vida. Pois no passado era onde se cozia os alimentos para pequenos grupos ou aldeias, dessa forma se conectava a ele, a fonte de alimento, calor e vivacidade. Como modelo, sabemos que o caldeirão tem três pés, assim percepcionando a imagem da materna Deusa Tríplice.

No Heavy Metal essa conotação não muda muito, e aqui me refiro aos Canadenses da banda Cauldron que excursionaram pelo nosso país pelo último mês. Talvez eles não sejam a representação da fonte da vida, porém a energia que emana dos garotos é incrível. Assim como na representatividade da tríade divina no caldeirão, a Cauldron também é representada pelo tripé: Jason Decay (Baixo e Vocal), Ian Chains (Guitarra e Backing Vocal) e Myles Deck (Bateria e Backing Vocal). Um misto de talentos ao melhor estilo Power trio setentista.  O show aconteceu na cidade de São Leopoldo na casa Embaixada do Rock, já consagrado templo para quem curte um som mais pesado! Não falaremos do artefato de metal, discorreremos sobre o metal puro e vivo que escorre pelas notas dos instrumentos e na voz do Decay.

Jason detonando "Digital Bitch" (Black Sabbath)
Os garotos chegaram cedo ao local, em momento algum se opuseram em tirar fotos com os fãs e foram extremamente atenciosos com os que se aproximaram, permaneceram o tempo todo passeando entre os fãs e o bar da Embaixada (que provavelmente levou um susto no estoque, pois os 3 mostraram bastante simpatia pela cerveja regional).  Subiram ao palco logo após o Myles ter um pouco de dificuldades para ajustar a bateria. Um parafuso de um dos suportes acabou espanando a rosca, sem exaltar ânimos a pequena demora foi aceita regada a cerveja e boa conversa. Com ajuda importante do baterista da Sacrário (Everson Krentz) tudo ficou preparado para o show. 

Sem demora subiram ao palco, sem muita conversa a apresentação da banda foi ao som de “End Of Times” e na sequencia “Burning Fortune”, praticamente duas metralhadoras calibre. 50 na cara de quem estava colado ao palco. As duas pancadarias fazem parte do álbum "Tomorrow’s Lost", grande motivo da vinda deles ao País (Brazil Lost Tour) para a divulgação, e feitas as considerações iniciais a surpresa (de minha parte, pelo menos) ficou por conta da “Nitebreaker”, que cheguei a imaginar que seria uma das últimas a ser tocada. E ao começar a "Nitebreaker", abriu-se a sequência infindável de Stage Dive’s e mosh pit’s , teoricamente um termômetro indicando que o show havia atingido grau máximo de temperatura. Hora de colocar o metal pra fundir! Em seguida veio a (menos agitada, porém não menos esperada) “Queen Of Fire” e “Rapid City”do cd "Burning Fortune". Do cd "Chained To the Nite", veio a encantadora “The leaven/Fermenting Enchantress”, na “Miss You to Death” Jason se permite dar um descanso breve para a voz e canta de forma mais grave um pouco sem precisar abusar dos agudos. 

Apesar de pouco público, todos que estavam lá agitaram como nunca, num dos melhores shows da turnê

De forma quase que apoteótica inicia-se, de repente, os rifs de guitarra de “Digital Bicth” do Disco Born Again, lendário trabalho do Black Sabbath, e na realidade se tratava disto mesmo, um grande tributo a uma das maiores bandas de metal do mundo. Toda oportunidade que Ian Chains precisava para afirmar a todos os presentes que, não é por acaso que ele é o guitarrista da Cauldron. Capricho nos riffs, velocidade, virtuosidade e precisão. Talvez o público que esteve presente nesta noite, em números não tenha sido uma grande ode à banda, porém todos que estiveram na Embaixada do Rock na noite, mereceram estar lá e fizeram um show junto com a banda. Em algum momento ouvi alguém dizer: “Só tem fã aqui dentro hoje, e só fã entende quem são esses caras”. Friamente, concordo! A bilheteria poderia ter sido melhor para ajudar a casa, produtora e encher os olhos da banda, mas duvido que o público fosse melhor do que os headbangs que fizeram a noite inesquecível. Imagino que, por este motivo e somado à São Leo ser a última estacionada antes de rumar para casa no norte das Américas, o trio resolveu dar “alguns presentes” ao público. Um deles foi a “Frozen in Fire” que ao que parece não entrou no set dos shows anteriores, e na sequência acompanhada da enérgica “Into de Cauldron”, música que nomeia o primeiro (e nervoso) álbum da banda. Inesperados presentes, porém desejados e muito bem recebidos com headbangs e stage dives!

Missão cumprida, Cauldron sai do Brasil com a certeza de que mesmo poucos fãs, são muito fiéis

Como golpe de misericórdia ainda viria a “Die hard” do Venom pra fechar a noite em muito alto estilo e metal. Estes são alguns dos momentos vividos na noite quem que a Cauldron passou pelo nosso estado! Se boas lembranças nossas eles levaram, não dá para afirmar ao certo, porém certamente realizaram o sonho de muitos entusiastas presentes naquela noite e reafirmaram acesa o amor pelo Metal!

Texto: Eduardo Cadore (bandas locais)/Uillian Vargas (Cauldron)
Edição/revisão: Eduardo Cadore
Fotos: Uillian Vargas/Eduardo Cadore (Road to Metal)


Agradecimentos: Ao nosso amigo Uillian Vargas, sempre aí par ao que der e vier, à Embaixada do Rock, que sempre nos recebe com profissionalismo e amizade e, claro, Miky Ruta (Fame Enterprises), por acreditar no nosso trabalho. Keep on Heavy!!


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Necromancia: Nunca Morto

30 anos de história e a lendária banda segue viva

Há grupos que, apesar de pouca produção, se tornam emblemáticos, devido ao momento que surgiram e por estarem aí na ativa. O Necromancia, que surgiu nos anos 80 no ABC Paulista, chegou apenas ao terceiro trabalho em todos estes anos de carreira, mas, ao contrário de muitas bandas que surgiram, fizeram estardalhaço, mas depois desapareceram, Necromancia sempre seguiu sendo um dos nomes mais lembrados e louvados da cena Thrash Metal brasileira.

Agora com “Back From the Dead” (2012), que saiu via Voice Music e contou com produção da banda e de Ciero, o trio Marcelo d'Castro (vocal e guitarra), Kiko d'Castro (bateria) e Roberto Fornero (baixo) mostram, mais uma vez, por quê sempre é lembrada como influência de principais nomes da música extrema brasileira.

São 11 faixas de um Thrash Metal que, para além de ser pesado, é empolgante, daquele jeito que poucas bandas são capazes de fazer sem soar meras cópias de grupos gringos (cito algumas, como Distraught, Sacrario e Panzer), tendo músicas que tem tudo para se tornarem clássicas como a própria faixa-título, que une a cadencia de uma sonoridade mais Sabbathica com o peso do Thrash, assim como se destaca “Under the Gun”, quem sabe a mais direta e pesada do disco. Menciono, só para fazer justiça, “Birth... Suffering... Death” (me lembrou o grande Entombed), “Near death Experience N.D.E”, que flerta com o Groove Metal e é um dos destaques, mostra que embora o rótulo oficial seja Thrash Metal, a banda não está preocupada em se fechar nos limites do mesmo, pelo contrário, aqui e ali, mostra que seu repertório é, acima de tudo, Metal, seja qual for a nomenclatura.

Os riffs são diretos, com grande harmonia aliada ao peso absurdo da cozinha da banda, sempre acompanhada pelos vocais de Marcelo, num estilo mais gritado, não tanto gutural, sem soar muito forçado, bem do jeito que sempre curti.

A parte gráfica, que não pode ficar sem menção, também abrilhanta “Back From the Dead”, desde a capa (por Luciano Magoo), que representa bem esse retorno do grupo, quanto o encarte, com todas as letras e informações necessárias.

Necromancia pode decretar que jamais morrerá e aí de quem ficar na frente desse trio, corre o risco de não ficar vivo para contar história. 



Stay on the Road

Texto/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação
Assessoria: Metal Media

Ficha Técnica
Banda: Necromancia
Álbum: Back From the Dead
Ano: 2012
País: Brasil
Tipo: Thrash Metal
Distribuição: Voice Music


Formação
Marcelo d'Castro (Vocal e Guitarra)
Kiko d'Castro (Bateria)
Roberto Fornero (Baixo)



Tracklist
01. Playing God
02. Under the Gun
03. Back from the Dead
04. Necrosphere
05. Birth... Suffering... Death...
06. Global Fall
07. Near Death Experience (N.D.E.)
08. Necrology
09. Afraid of Being Alive
10. Sinister Mind
11. Deah Lust (Bonus Track - Regravação)

Acesse e conheça mais sobre a banda

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Entrevista: Almah – Seguindo em 2014 os Trabalhos de Sucesso Deste Ano



O ano de 2013 ficará eternizado na carreira do Almah, já que em um só ano a banda lançou um disco que ganhou notas máximas, se apresentou no Rock In Rio e fez a sua primeira tour na Europa no final do segundo semestre, o que já não é pra menos para uma banda que tem apenas seis anos de estrada. Mas, infelizmente, a banda perdeu mais um guitarrista, mas isso não tirou todo ânimo que a banda está tendo.

Para esclarecer todos esses acontecimentos, o guitarrista Marcelo Barbosa nos atendeu para contar detalhes sobre o mais recente disco, "Unfold" (2013), a passagem pela Europa, à escolha do novo guitarrista e dos planos para 2014. Confira!

"Eu sou sempre muito ativo nas minhas opiniões"
Road to Metal: O Almah está firme na estrada há seis anos já com status de umas melhores bandas de Heavy Metal nacional nos últimos tempos sob o comando do vocalista Edu Falaschi. E esse ano a banda está lançado seu quarto disco, "Unfold", sendo o membro que está há mais tempo e tendo a honra ter gravado três discos com a banda. Na tua percepção você já se sente como um dos principais mentores da banda ao lado do Edu? 

Marcelo: Acredito que sim, tanto pela parte musical que é uma coisa que a gente conversa bastante sobre os rumos que a banda pode tomar. E eu sou sempre muito ativo nas minhas opiniões, tanto na parte de composições e, principalmente, em arranjos. E, sem dúvida nenhuma, o Almah está com essa cara hoje por conta da influência de todos os integrantes que estiveram na banda durante a concepção de cada álbum. O Marcelo Moreira (baterista), que também está desde o primeiro disco. Apesar de que a bateria tem aquela questão rítmica que às vezes sugere alguma coisa no arranjo. Não é um instrumento tão completo quanto à guitarra, onde você trabalha ritmo, harmonia e melodia, através do qual você estar trazendo ideias musicais mais completas para um trabalho como esse.      

RtM: Em 2011, a banda surpreendeu muitos fãs com o trabalho que vocês fizeram no "Motion", que inclusive foi considerado o melhor disco daquele ano. O "Unfold" está tendo a mesma façanha com muitas criticas positiva tanto aqui no Brasil quanto no exterior, ganhando notas altas e sendo considerado uma 'obra-prima'. O que o "Unfold" tem de tão especial se comparando ao "Motion"? 

Marcelo: Eu acredito que hoje, apesar do "Unfold” ser mais novo junto com os três trabalhos que a gente já lançou, acredito que o "Unfold" está tendo uma repercussão maior. O "Motion" sem dúvida começou muito bem, quando foi lançado a repercussão foi muito grande, mas houve alguns problemas: o Edu estava mal de saúde, não podemos trabalhar bem o CD, depois veio o Rock In Rio e o problema cardíaco do Paulo Schroeber (guitarrista) se agravaram. Então houve uma sequência de fatos que prejudicou um pouco a banda de trabalhar o "Motion" da maneira que deveria ter sido, coisa que não está acontecendo no "Unfold". Então eu acho que o "Unfold" tem tido uma receptividade melhor. Eu acho que é um CD mais fácil de ouvir, que apesar de ter bastante peso, ele tem muita melodia e refrãos mais acessíveis. E eu acredito que é uma coisa mais fácil de cativar o público. E estamos bem empolgados com os resultados que a gente está obtendo com relação a esse novo disco e ansiosos para o começo de 2014, porque é ai que vai começar, de fato, um trabalho mais pesado de poder estar na estrada, apresentar o CD ao vivo, e fazer todo trabalho nas TVs e nos rádios. As entrevistas para as ações de marketing desse CD acabaram de começar, que não tem nem um mês que o CD ficou pronto. Eu tenho uma impressão de que muita coisa boa vem por ai por causa desse trabalho. 

"Unfold" tem sido grande sucesso. Leia nossa resenha clicando aqui.

RtM: As músicas do trabalho anterior são mais pesadas praticamente em todas as faixas, e neste mais recente segue a mesma linguagem, mas só que experimentando coisas novas e inovando cada vez, sempre seguindo uma roupagem moderna e atual. O "Unfold" é o disco mais eclético e ousado que a banda já compôs? 

Marcelo: Sem dúvida! O "Motion" ele foi muito ousado, mas não tão eclético. Eu digo que foi ousado porque o "Fragile Equality" é um disco extremamente virtuoso e técnico, mas ainda com muita influência de Metal melódico e das coisas que o Edu fazia no Angra, em termos de composições e como cantor. E de repente viemos com um disco numa outra linha, que é mais pesado, mais sombrio, mais 'dark' e mais introspectivo, vamos dizer assim. E foi ousado por isso, porque ousou a gente fazer algo diferente do "Fragile Equality", que na época tinha dado bastante certo e obtido bons resultados, mas a gente não acreditava mais naquilo e achávamos que estava na hora de buscar uma identidade própria. Eu diria que o "Unfold" é basicamente um meio no caminho entre "Fragile Equality" e o "Motion". Então o "Unfold" vem ainda com mais equilíbrio entre os dois anteriores, mas com bastante ecletismo tanto nas bateras que o Moreira colocou e de ritmos que não são tão usais dentro do Heavy Metal e no Metal melódico. E a gente fez esse disco sem se preocupar em seguir a linha dos outros CDs. E como você disse, é um CD mais experimental e ousado. 

Banda passa por nova baixa no posto de dupla com Marcelo Barbosa

RtM: O "Unfold" foi gravado separadamente, diferente dos discos anteriores, que foram gravados com a banda toda junta aqui em São Paulo, mas com toda pré-produção sendo feita aqui. Gravar um disco afastado da banda é mais convencional pra um grupo como o Almah, onde todos os membros da banda se residem em estados diferentes aqui no Brasil? 

Marcelo: Dá um pouco de trabalho. Não é muito fácil, porque você tem que ficar enviando arquivo e às vezes você gravou um solo que ficou legal, mas que podia melhorar em algum pedacinho e de receber uma sugestão para regravar. É muito mais trabalhoso quanto a pessoa que está no seu lado e fala com você, porque você tem que ficar aguardando a resposta por e-mail. Por outro lado foi a melhor coisa que nós já fizemos. Em termos de timbres de guitarra, ficou muito melhor que os dois anteriores, que foram gravados em estúdio. Mas eu tenho bastante equipamento aqui no meu estúdio, tanto guitarras e amplificadores variados, porque eu não podia estar levando tudo pra São Paulo toda vez que eu ia gravar. E isso foi um diferencial muito grande em termos de sonoridade. Além disso, como eu fiz em casa as gravações e quando você não tem a permissão do horário do estúdio correndo, você faz as coisas com mais calma. Então eu pude pensar nos solos de maneira um pouco mais cuidadosa e de ter mais tempo de elaborar as coisas. E isso acabou acontecendo com todos nós, porque cada um gravou o disco na sua cidade. E na verdade somos uma banda que trabalha bem rápido! Eu ousaria dizer que é a banda que grava mais rápido que conheço. Teve disco como o "Fragile Equality" e o "Motion" que em um mês a gente compôs, um mês a gente estava gravando e mais uma semana para poder mixar e ter o CD pronto, coisas que levam até meses e anos. Não foi tão rápido assim, porque quando você não tem o estúdio e de estar gravando em casa, você tem um pouco mais de liberdade. Ainda assim foi rápido, mas o resultado foi muito bom pelo fato de ter essa liberdade e a calma de fazer as coisas.  

RtM: Neste novo trabalho, a mixagem mais uma vez foi feita por um produtor vindo lá de fora, mesma coisa que aconteceu com o "Motion", que foi mixado pelo Jochem Jacobs (Textures). E para o "Unfold" foi chamado dessa vez o produtor Damien Rainaud. Com ele vocês conseguiram o melhor som para o disco? 

Marcelo: Sem dúvida! Eu lembro quando eu estava na casa do Edu, quando estávamos fazendo a pré-produção, indiquei várias bandas americanas que estão fazendo um trabalho legal, como Periphery, Animals As Leaders e Shinedown, que são bandas de médio e pequeno porte, mas que tem um trabalho bem feito. Mostrei pra ele e conversamos sobre a sonoridade do novo disco, e chegamos à conclusão que seria legal encontrar um cara que fosse dos Estados Unidos ou que fosse de lá, que fosse um americano mesmo ou que tivesse vantagem para as bandas americanas, que é muito diferente para as bandas de Metal. Optamos por experimentar um som mais americano, porque as coisas são mais na cara, a mixagem é mais limpa e tem mais brilho, diferente do "Motion" que era um pouco mais sombrio até mesmo na mixagem. E o "Unfold" não, que por ser um disco que tem melodias e coisas bem pegajosas, acho que tem uma sonoridade beirando a essas bandas de Rock mais novas e acessíveis. E a gente gostou muito do resultado! Encontramos esse cara por indicação do Bill Hudson, um guitarrista brasileiro que mora na Califórnia há muito tempo. E desde a primeira mixagem que ele mandou, já veio uma sonzeira e ficamos impressionados. E tenho certeza que foi a escolha correta, mesmo.

Almah acaba de voltar de sua primeira turnê completa pela Europa

RtM: Todos os guitarristas em geral se sentem mais a vontade de tocar com seis cordas, mas como o Almah tem uma proposta sonora moderna, é quase que obrigado a usar guitarras de sete cordas para ter mais peso. No começo você apanhou um pouco tendo uma corda a mais ou já foi tirando de letra? 

Marcelo: Na verdade eu já tinha guitarra de sete cordas e também não é uma coisa totalmente nova pra mim. O Paulo quando era guitarrista da banda, ele só tocava com sete cordas já algum tempo, que pra ele foi ainda mais natural. Essa tradição não foi um pouco natural pra mim, que inclusive toco tanto com a de sete e de seis cordas. No começou aconteceu uma coisa engraçada comigo, que parece que tem uma corda a mais lá em baixo (uma corda aguda). A impressão que dá quando você olha, é que botaram a corda mais em baixo sendo que a sétima corda é a sexta e as de cima são todas iguais. Até se acostumar demora um pouquinho de tempo, mas não é nada que se reflete a um problema. 

RtM: No ano passado, a banda deu uma mexida no line-up com as saídas do guitarrista Paulo Schroeber e do baixista Felipe Andreoli. Para os seus lugares foram repostos o guitarrista Gustavo Di Pádua (que já não está mais na banda) e o baixista Raphael Dafras, os dois já estreando no "Unfold". O que eles trouxeram de novo pra complementar cada vez mais o trabalho do Almah? 

Marcelo: Ambos são músicos excelentes, o que não poderia ser diferente, porque a gente prima muito pela qualidade dos integrantes da banda. Eu acho que cada um somou com sua musicalidade. O Gustavo ele é um grande compositor, inclusive tem uma música dele no disco. Ele é muito bom em criar riffs e melodias, que com certeza contribuiu bastante nas partes de guitarra no disco. E o Raphael também compõe bastante, mas infelizmente não entrou nenhuma música dele no disco, mas é um cara que tem um trabalho legal tanto de produção e de composição. Sem dúvida todo mundo contribuiu, e que o "Unfold" não seria desse jeito se não fossem essas cincos pessoas. Não poderia ser parecidos, mas não seria exatamente como foi. 

Gustavo, à esquerda, não faz mais parte da banda. Almah procura companheiro para Marcelo

RtM: Como já foi dito na pergunta anterior, o guitarrista Gustavo Di Pádua já não está mais fazendo parte da banda. Qual o motivo dele já ter saído tão rápido? A banda já está à procura de um novo guitarrista e que pode ser anunciado já no começo de 2014? 

Marcelo: Essa pergunta da saída dele quem responderia melhor era ele mesmo, porque não ficaram cem por cento claros. Basicamente é que ele não estava mais querendo continuar na banda e que queria se dedicar a outras coisas. E nós respeitamos isso. Pelo o que eu ouvir dizer dele é que ele queria se dedicar as coisas dele, ele tem um trabalho solo como guitarrista e que talvez fosse gravar um disco com outra banda que ele tinha que, por um motivo pessoal, ele achou que não valeria mais a pena continuar na banda. 

E sobre a questão do novo guitarrista, tem um ex-aluno meu que toca muito bem, que é o Ian Bemmolator. Ele vai fazer os próximos shows do Almah com a gente, mas não é uma das opções pra ficar não pela questão dele não merecer, porque o ano que vem ela vai se mudar para a Europa e que não adiantaria nada ele entrar na banda agora. A gente tem recebido material e vídeos de alguns guitarristas, que chega a ser surpreendente a procura. E é muita gente mandando vídeos do Youtube de alguns guitarristas de bandas conhecidas e outras desconhecidas, mas que tocam super bem. E eu tenho convicção que não vai ser difícil encontrar alguém, mas queremos fazer isso com bastante calma e sem pressa. Não sei como vai ser feito ou se de repente vai fazer alguma espécie de concurso. Não sei se simplesmente vamos analisar o material que está com a gente e escolher alguém, o fato é que a gente não está com pressa e vamos fazer isso com calma. Não temos definido quando isso será feito, mas não vai ser no começo do ano, talvez depois do carnaval. 

RtM: Você falou que não vai ser difícil achar um guitarrista. Para você quais são os principais requisitos para uma pessoa ser guitarrista do Almah? 

Marcelo: Eu não vou entrar nem no mérito de tocar bem, porque como o Almah é uma banda extremamente técnica e tem certo nível de dificuldade. Se a pessoa não tocar bem, não tem a menor possibilidade. Hoje a gente tem pensado em uma pessoa que seja tranquila e fácil de conviver, porque o convívio dentro de banda, querendo ou não, é uma coisa desgastante. É muito tempo junto e tem situações que não são ideais, que envolve cansaço e de estar longe da família. Quanto mais a personalidade da pessoa, fica melhor. Como é uma banda que não gera dinheiro ao ponto da pessoa viver só da banda, é muito importante que a pessoa tenha a sua fonte de renda fora da banda, que não dependa só de tocar com a banda pra ganhar dinheiro, porque se não a gente fica responsável por algo que não temos responsabilidade, seja ele professor de música e que tenha uma fonte renda. E que o Almah seja apenas um complemento de uma pessoa artística e não necessariamente o sustento para uma pessoa. 

Outra coisa que seria importante é que a pessoa fosse de Brasília ou de São Paulo. São Paulo seria melhor ainda, porque é um lugar mais central e a maioria dos músicos são de lá. Nós já tivemos um guitarrista de Caxias do Sul e um do Rio de Janeiro, e isso complica muito porque cada um mora em lugares diferentes. Se fosse daqui, pela questão de estar perto de mim, ou lá de São Paulo que já tem o Edu e o Raphael, que não é de São Paulo capital, ajudaria bastante. E essa é uma das coisas que a gente tem pensado a respeito. E não dá pra ser uma pessoa extremamente verde, tem que ser um cara que tenha uma experiência, claro que não precisa ser da mesma idade que a gente, que sei que não é fácil. Mas não dá pra pegar um cara que nunca fez um show grande e que não tenha um bom equipamento, tem que ser um cara que já esteja pronto. Essas são as principais virtudes que a pessoa tem que ter. 

"O Almah, apesar da saída do guitarrista, está com muita força e a toda vapor trabalhando, porque tem muita coisa acontecendo"

RtM: 2013 foi muito especial para o Almah: a banda fez um show no Rock In Rio e uma turnê pela Europa, passando por Itália, Bélgica, Espanha, Holanda, França e Alemanha. Como foi a receptividade do público europeu com a banda e já tem algum acordo de vocês voltarem pra lá o ano que vem? 

Marcelo: Foi muito legal, eu já tinha ido com o Almah na época da divulgação do "Motion", mas só foi em Paris, Hamburgo e Japão, onde só fizemos shows acústicos e entrevistas. E dessa vez foi à banda inteira! Foram doze shows muito legais! Tivemos uma receptividade muito legal e, é claro, shows de todo o tipo, desde pubs maiores e um pouco menores. A gente precisava mostrar a cara ali. 

Agora com relação à receptividade da galera de lá foi muito boa, sempre comprando CD e comprando camiseta. E a gente sentia uma sensação muito boa tanto dos fãs nos conheceu e quanto dos fãs da outra banda que tocou com a gente, que são os italianos Secret Sphere, que é bem conhecido por lá e uma excelente banda por sinal. Acabou indo mais para ver o Secret Sphere, mas conheceram a gente de lambuja e foi uma semente plantada, que com certeza rendera frutos. 

Existem sim algumas negociações sendo feitas a respeito dos festivais, que normalmente acontecem no verão da Europa. Ainda não tem nada oficializado, mas é provável que a gente possa tocar em alguns festivais no ano que vem.   

RtM: E quais são os planos do Almah para 2014? Já tem datas sendo agendadas aqui no Brasil? 

Marcelo: Tem para o dia 19 de janeiro, em Belo Horizonte. Está sendo negociado, talvez ainda em janeiro, em Uberlândia. Fevereiro acho que tem Brasília e em março também, onde vamos tocar em um festival da região. Agora é que realmente estamos marcando as datas, porque no Brasil as coisas não acontecem muito antes do Carnaval. Então a maioria das datas estará agendada depois do Carnaval, que esse ano vai ser no começo de março. E tenho certeza que uma das coisas que a gente vai focar e divulgar bastante é o álbum ao vivo, de ir pra estrada e tocar para o maior de datas possível. Outra meta para o ano que vem, que se Deus quiser vai se concretizar porque houve a saída dos membros e que já era pra ter feito, é a produção do DVD da banda tocando ao vivo. Obviamente, durante o decorrer do ano, vamos cuidar da substituição do Gustavo Di Pádua, porque vamos precisar solidificar a formação. Esse ano foi de lançamento de disco, agora o ano que vem vamos trabalhar em cima dele. E é muito cedo pra falar em um novo álbum, mas quem sabe pode pintar um single ou alguma música nova para o segundo semestre do ano que vem...

RtM: A seu respeito, você também tem projetos paralelos. Pretende dar andamento neles durante o decorrer de 2014? 

Marcelo: Tem muita coisa acontecendo na minha vida, às vezes é até difícil de escolher o que fazer, porque eu além de ser musico eu sou empresário na área de música. Inclusive eu tenho três escolas de música, que tem crescido bastante. Eu tenho trabalhado já faz algum tempo em CD solo, que ainda não terminei, mas acredito que 2014 seja um bom ano pra fazer isso. E também tem o Khalice, que estávamos ensaiando uma volta, mas que ainda não aconteceu porque não é momento certo. E se for acontecer vai acontecer naturalmente. 

RtM: Muito obrigado pela atenção! O espaço é todo seu para dizer algo...

Marcelo: Eu que agradeço pelo espaço e do interesse pelo nosso trabalho. Queria dizer que o Almah, apesar da saída do guitarrista, está com muita força e a toda vapor trabalhando, porque tem muita coisa acontecendo. Tenho certeza que esse ano de 2014 vai ser um ano muito bom pra banda e para os fãs, porque tem muita realização pra ser concluída. E eu desejo pra todo mundo boas festas, um Natal maravilhoso e um 2014 de prosperidade, saúde e sucesso no trabalho. 
E é isso ai... A gente se vê na estrada!

Entrevista: Gabriel Arruda 
Revisão/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação/arquivo pessoal da banda

Confira AQUI comentários exclusivos de Edu Falaschi (vocal) para cada faixa do álbum "Unfold"!

Acesse e conheça mais sobre a banda:
Site Oficial
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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Iced Earth: EP é Aperitivo Para "Plagues of Babylon"

EP dá mostras do que podemos esperar do novo álbum

Durante a primeira parte da turnê ao lado do Volbeat, que passou pela Europa, o Iced Earth lançou o EP “The Plagues” (2013), que saiu primeiramente em edição limitada em vinil, de forma independente, apenas vendida nos shows, mas que agora chega aos ouvidos de quem não teve a oportunidade de conferir a turnê de perto.

Às vésperas do lançamento de “Plagues of Babylon”, disco que deve sair em 06 janeiro de 2014, sucedendo o aclamado “Dystopia” (2011), o EP traz apenas 4 faixas, todas inéditas, mostrando que a banda está olhando par ao futuro e cheio de boas composições para os fãs (o grupo sempre costumava colocar regravações ou covers nos EPs).

Formação que gravou o EP e álbum, ainda com o brasileiro Raphael Saini (último à direita)

“Plagues of Babylon” abre o EP,  já conhecida, pois foi a primeira liberada pela banda meses atrás, mostrando um lado bastante agressivo, sobretudo na parte das guitarras, letras e nos vocais de Stu Block, que abusou dos graves e fez uma das suas melhores participações. Você pode conferir mais sobre a música clicando aqui.

Em seguida, “If I Could See You”, apresentada apenas ao vivo até o lançamento do EP, é a mais nova balada do grupo que, desde o início da sua carreira, sempre soube dosar perfeitamente a melodia com agressividade, numa proposta já batida, mas que sempre dá certo e desta vez não foi diferente, com esta belíssima canção podendo, quem sabe, equiparar-se a outras do estilo, como “I Died For You” e “Watching Over Me” (só o tempo dirá).

Turnê mundial para divulgação do novo álbum começa em janeiro e passará pelo Brasil em data única

Já a “Peacemaker” é um meio termo entre uma balada com momentos mais cadenciados, sendo como uma tentativa de soar como “Melancholy”, por exemplo. A faixa mais fraca do EP, o que não não quer dizer considerá-la ruim, mas apenas que das 4 é a menos empolgante.

Fechando o disco, aquela que bate de frente com “Plagues of Babylon”, já que também apresenta um lado pesado e denso. Assim é concebida “Among the Living Dead”, que veio como bônus (liberada para download há alguns dias atrás), não fugindo dessa proposta atual da banda de soar mais pesada, mas sempre com os riffs cavalgados de Schaffer, e a cozinha quebrando tudo. Aliás, o baterista que gravou o EP e o novo disco foi o brasileiro Raphael Saini, que, infelizmente, deixou o grupo, numa passagem relâmpago pelo grupo, apenas para cumprir agenda. Seu lugar foi tomado por ninguém menos que Jon Dette (ex-Slayer, Anthrax, Testament). 

A atual formação (esq.p/dir.): Troy, Jon, Stu, Jon Dette e Luke

Vale lembrar que nesta canção, há participação de Hansi Kürsch (Blind Guardian), que também participa de outras faixas que estarão no vindouro álbum. Além disso, a banda sairá em janeiro com sua "Worldwide Plagues Tour", infelizmente com apenas uma data no Brasil (São Paulo/SP, 23/03).

Os fãs do Iced Earth irão ficar ansiosos pelo novo álbum após ouvir o EP, já que o grupo encontra-se em uma de suas melhores fases, com carreira consolidada, mas nem por isso acomodado. 2014 será o ano da banda. 

Stay on the Road

Texto/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Iced Earth
Álbum: The Plagues (EP)
Ano: 2013 
País: EUA
Tipo: Heavy/Thrash Metal
Selo: Independente 

Formação do EP
Stu Block (Vocal)
Jon Schaffer (Guitarra e Backing Vocals)
Troy Seele (Guitarra)
Luke Appleton (Baixo)
Raphael Saini (Bateria)



Tracklist
01 – Plagues of Babylon
02 – If I Could See You
03 – Peacemaker
04 – Among the Living Dead

Teaser do novo álbum e turnê

Ouça “Plagues of Babylon”


Ouça “Among the Living Dead”


Veja a banda tocando ao vivo “If I Could See You”


Acesse e conheça mais sobre a banda
Site Oficial
Site do Fã Clube Brasileiro

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Na Mira da Navalha: Noturnall – Nascendo dos Destroços do Shaman?



 - A seção Na Mira da Navalha traz temas polêmicos relacionados ao mundo Metal, muitas vezes de forma ácida e, para pessoas mais sensíveis, até agressiva, mas sempre respeitando a integridade da pessoa humana, considerando que os nomes aqui citados são pessoas públicas e este site se propõe a "avaliar" o trabalho de bandas. O texto exprime a opinião exclusiva do autor. Reclamações/sugestões podem ser enviadas para contato@roadtometal.com - 

Confesso que fiquei bastante surpreso quando 4 dos 5 integrantes do Shaman (a banda toda, exceto Ricardo Confessori) anunciaram que o disco que estavam produzindo (e todo o “auê” de meses sobre o vídeo clipe gravado nos EUA) e que já havia sido divulgado como sendo da banda, sairia pela nova banda do grupo, Noturnall, contando com ninguém menos que Aquiles Priester (Hangar, ex-Angra) na bateria. 

Noturnall, com integrantes do Shaman (vivo ou morto?), mais Aquiles Priester

Passado o baque inicial, a verdade é que vejo sempre com bastante desconfiança uma mudança tão drástica. O Shaman, é sabido, nunca alcançou, após a drástica mudança na sua formação anos atrás, o lugar almejado, pelo contrário, se tornou até motivo de piada entre os fãs mais radicais do Angra e da primeira fase do Shaman.

Agora, quando a coisa parecia alinhada, e anos após lançar um bom disco ("Origins", de 2010), a bomba: sem Confessori, os mesmo integrantes vem com nova banda. Aí foi lançado o mega divulgado vídeo clipe “Nocturnal Human Side”, que trazia a sonoridade pesada da banda, muito auxiliada por Russel Allen (Symphony X, Adrenaline Mob), que além de cantar e participar do vlipe, também produziu o debut álbum que ainda não foi lançado.

Capa do debut, traz nome da banda, baseado no que viria a ser o 5º disco do Shaman

Mais recentemente, um novo vídeo clipe foi divulgado, desta vez para “No Turn At All”, que, ainda mais pesada que a anterior, tem mostrado um lado bastante pesado e agressivo, totalmente diferente do trabalho anterior com o Shaman. Aliás, ninguém parece querer falar sobre este nome, tanto é que nos próprios vídeos de apresentação a Noturnall, os músicos só falam “a outra banda” (mas já confirmaram músicas do Shaman e do Angra nas apresentações da jovem banda).

Tirando essa confusão toda que nenhuma pessoa mais atenta engoliu, a verdade é que com Noturnall, Thiago Bianchi (vocal), Leo Mancini (guitarra), Fernando Quesada (baixo) e Juninho Carelli (teclados) conseguiram chamar a atenção, ainda mais tendo a mega estrela Aquiles na bateria, que dispensa apresentações (de tem feito seus fãs voltarem as atenções a esta sua nova banda, mesmo aqueles que não ouviam Shaman).

Foto de divulgação do vídeo clipe, ainda como Shaman e com Confessori (bateria)

O ponto alto é o instrumental, bastante agressivo, com momentos bem simples, mas com bastante “anger”, muita velocidade e qualidade, que contrasta com os vocais agressivos de Bianchi. Pode até soar um comentário de má fé, mas o vocalista optou por uma mudança de 180º na voz, e em muitas partes não convence, soando demasiado exagerado e pouco natural, apesar do vocalista ter o reconhecimento que tem e a bela voz que apresentava desde o Karma.

Me pergunto: será que essa banda vai dar certo? E o Aquiles, vai seguir nela, ou apenas lançar o CD e seguir com suas atividades individuais e com o Hangar? E Bianchi, não estaria tentando ser aquele vocalista que não treinou ser a vida toda? E as melodias orgânicas de sua voz, não farão parte do Noturnall? E a mais importante: quantos anos levaremos para ver a banda como uma entidade única, e não apenas “a banda dos caras do Shaman”?

Este texto pode ter soado um tanto agressivo, ainda mais considerando que não se pode questionar ou “falar mal” de bandas nacionais. Entretanto, estou apenas levantando o questionamento comum a muitos headbangers que, da mesma forma que eu, desejam que a banda dê certo, mas não vê como isso pode acontecer. Que eu esteja enganado e tenhamos uma duradoura trajetória para Noturnall.

Texto/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Assista aos dois vídeo clipes oficiais e conheça o som da banda

Assista "No Turn at All" clicando aqui

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Entrevista - Sastras: Em Busca De Seu Caminho


Evolução. Essa é a palavra chave para os gaúchos da Sastras, que de 2012 pra cá vem colhendo muitos frutos de sua dedicação e empenho. Além dos shows de abertura para as bandas Epica e Angra, a Sastras também lançou seu primeiro EP "Chacal: Em Busca do Destino!" e tocaram em um dos maiores festivais da região Sul, o "Agosto Negro" que é realizado na cidade de Laguna/SC.

E para contar todas essas novidades e planos futuros, batemos um papo com o baterista Thiago Batistti!

Confira:


Road to Metal: Os anos de 2012/2013 foram bem produtivos para a Sastras, desde abertura de shows para as bandas Epica e Angra, até o lançamento do primeiro EP "Chacal: Em Busca do Destino!". Como é para vocês lidar com todas estas conquistas? E conte-nos um pouco do momento atual da banda.

Thiago Batistti: Primeiro gostaria de agradecer ao Road to Metal pela oportunidade desta entrevista e o apoio de sempre. Estamos muito contentes com o resultado do trabalho feito durante esses dois anos, muitas coisas boas aconteceram, conseguimos realizar esses shows com o Epica (2012) e Angra (2013), que além de uma grande experiência, nos renderam uma boa visibilidade na cena. Também conseguimos finalizar e lançar o EP, que por sinal está tendo uma resposta bem positiva. Posso dizer que esses fatos fizeram a Sastras amadurecer muito, sempre mantendo o pé no chão é claro...

Depois do lançamento do EP, começamos os trabalhos de pré-produção do CD, previsto para 2014, recentemente fizemos um show aqui em Butiá no dia 14/12 na terceira edição do CARBOROCK, este que é um evento de produção independente organizado pelos membros da Sastras em parceria com o ADRENALINE PUB ROCK, este show foi uma espécie de brinde aos nossos fãs, que na verdade são nossos grandes amigos e parceiros aqui da cidade, então encerramos o ano comemorando com muito Metal na nossa casa, Butiá city.

RtM: "Chacral: Em Busca do Destino!" trata de uma história conceitual, certo? Como surgiu esta ideia e como é para vocês incluir sonoridades regionais ao som da banda, isso sempre foi uma vontade de todos?

TB: Sim, mas na verdade esse projeto veio de uma situação bem inusitada...(risos). Queríamos fazer algo diferente e especial. Em um dos momentos de pré-produção do disco no Estúdio AUDIO FARM estávamos fazendo a análise das letras, foi quando deu aquele branco na galera, aquele momento de silencio, olhamos para a porta da sala e nela estava escrito "MARAGATO", então todos se olharam e pensaram a mesma coisa -"Vamos contar algo baseado em nossa história!" Tudo se encaixou perfeitamente, claro que o trabalho foi grande, modificamos boa parte das letras para que cada uma se tornasse um capítulo da história que criamos. 

Quanto a sonoridade, foi algo natural para todos, quando as músicas são feitas inicialmente elas tem um formato bem nativista e isso é devido a influência que tivemos ao longo de nossa formação musical. o pai da Nathy é gaiteiro e o pai do Rudy sempre tocou em conjuntos de música tradicionalista e eu estudei bateria com um monstro dos ritmos nativistas, então o grande desafio foi trasportar isso tudo para o universo do Heavy Metal, mas o trabalho se torna divertido, recentemente fizemos três shows acústicos onde a intenção era de mostrar como essas canções foram criadas e também mostrar um lado mais versátil da banda, temos um projeto de registar esses acústicos no futuro.

Ouça o EP aqui.

RtM: O EP conta com a participação do guitarrista Eduardo Martinez (Hangar), que também tem acompanhado a banda em algumas apresentações. Como surgiu esta parceria?

TB: Em março de 2013 a Sastras tinha um show marcado no evento CARBOMOTO aqui em Butiá, então pensamos em convidar algum grande guitarrista para fazer uma participação especial nesse show. Vários nomes foram cogitados, mas como nós todos somos grandes fãs do Hangar e em Butiá muitas pessoas também são fãs, o nome Martinez foi sem dúvidas o escolhido. 

Eu já fiz algumas aulas com o Aquiles e sempre que podia participava de shows e workshops da banda, então já conhecia o Martinez... Eu liguei e fiz o convite, como ele não conhecia o som da banda eu enviei algumas demos da  pré-produção do EP, ele curtiu bastante e topou fazer o show. Ensaiamos uns 3 dias diretos aqui em nosso estúdio e o show não poderia ter sido melhor. 

Depois desse show continuamos mantendo contato e acabamos fazendo outros 3 shows com essa participação especial: Open Act Angra, V Agosto Negro em Laguna/SC e no Show Bar em Carlos Barbosa. A participação do Martinez no EP foi uma forma de registrarmos essa grande parceria que fizemos no ano de 2013, escolhemos a música "Chacal" que é a faixa título desse trabalho, o resultado ficou fantástico, o Martinez é um grande músico, tem um trabalho incrível no Hangar, podemos dizer que foi uma honra dividir o palco com esse cara.

RtM: Ao ouvir o trabalho é notório uma grande evolução na banda, seja na parte técnica ou lirica, com composições inspiradíssimas e belas. Como foi o processo de composição do EP?

TB: Essas composições já existiam, mas em meio ao processo de pré-produção desse material acabamos reformulando alguns arranjos e uma parte das letras. O responsável por essa produção foi o Mateus Borges que também é dono do AUDIO FARM, ele nos deu um direcionamento, nos ajudou em vários sentidos, também contamos com o Iuri Sanson (Hibria) na produção vocal, esse cara é um monstro, dono de uma voz sensacional, de uma bagagem enorme na música e eu ainda tive o privilégio de dividir o microfone com ele na música "Chacal", na parte do refrão gravamos uma pequena participação, o próprio Martinez que além de gravar nos ajudou na produção de algumas linhas de guitarra.

Aprendemos muito trabalhando ao lado dessas pessoas e todos membros da Sastras se dedicaram e se comprometeram muito para que o resultado desse trabalho fosse o mais positivo possível, essa evolução é fruto de muito trabalho.

Thiago e Martinez (Hangar) juntos no estúdio na gravação da música "Chacal"

RtM: A Sastras conta na formação original com apenas uma guitarra, porém os shows que Martinez participou o som ficou mais encorpado e poderoso. Vocês pensam futuramente em ter duas guitarras?

TB: Na realidade desde 2008 que a SASTRAS possui duas guitarras em sua formação.O fato de o show com o Martinez ter se tornado mais pesado talvez seja a forma e as características do guitarrista, alguns riffs foram modificados exatamente para isso, para ganhar peso. Hoje já contamos com um novo guitarrista que em breve será anunciado e podem ter certeza que pegada, peso e precisão já se tornaram indispensáveis em nosso som. 

HAH: As letras da banda são em português, e mesmo nos dias de hoje, rola um certo preconceito da galera. Como vocês encaram estas adversidades? E existe a possibilidade de mudar para o inglês futuramente?

TB: Olha, para falar a verdade, acho que as coisas mudaram um pouco nesses últimos anos. Confesso que antes rolava um certo pré-conceito sim, mas hoje a galera tem a mente mais aberta e até admira e respeita mais quem se propõe a fazer Metal em português, claro que existem os dois lados da moeda, continuamos acreditando em nosso trabalho, fazendo letras na língua em que falamos. Essa possibilidade de fazer música em inglês não é descartada, talvez alguma versão de alguma de nossas músicas, agora "mudar" definitivamente é uma coisa que está longe de acontecer.

Abertura para o Angra neste ano

RtM: "Chacal: Em Busca do Destino!" está disponível somente em formato digital, porém sairáem formato físico. Com essa onda incontrolável de downloads, ainda é relevante lançar material físico?

TB: O disco está disponível para audição no playllist do site e as cópias físicas devem chegar ao mercado no início de Janeiro. Muitas bandas estão adotando esse pensamento, de "liberar geral" na rede e não fazer cópias em formato físico. 

O CD hoje em dia ainda teu seu espaço garantido, no nosso caso foram as pessoas que pediram para que fizéssemos essas cópias, o fã de verdade quer ter o CD com um encarte bacana. Nós tivemos um trabalho de meses até criarmos a arte do disco que foi feita pelo João Duarte, então seria injusto com essas pessoas se não fizéssemos também em formato físico, mas deixamos o playlist do site liberado para a galera escutar sem moderação!

RtM: Quais os planos da Sastras para 2014?

TB: Olha que são muitos... Pretendemos dar início aos trabalhos de gravação do CD, gravar um clip com o maior nível de qualidade possível, e fazer o que é mais importante, os shows! Alguns produtores do nordeste entraram em contato conosco e é muito provável que em 2014 a Sastras faça um tour em diversos estados do nordeste.



RtM: Bom, gostaria de agradecê-los pela entrevista, e queria que vocês deixassem uma mensagem para os leitores do Road to Metal.

TB: Muito obrigado ao RtM, ao nosso grande amigo e parceiro Renato Sanson por essa oportunidade de falarmos um pouco sobre os nosso projetos. 

Em nome da Sastras, eu gostaria de dizer aos amigos leitores para que vocês valorizassem o Metal Nacional cada vez mais, pois todos sabemos que existem diversas bandas do mais alto nível por aqui, compareçam aos shows, comprem os CD's, apoiem de verdade, vamos fortalecer a nossa cena!

Galera desejamos a todos vocês um excelente final de ano, boas energias e é claro muito Metal, ah... E não esqueçam de visitarem nosso site: www.sastras.com.br


Entrevista/edição: Renato Sanson
Revisão: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação