segunda-feira, 30 de junho de 2014

Matéria Especial: Um "Até Logo", Uma Homenagem à Vida e Música do Eterno Paulo Schroeber

Paulo, entre a mãe, Carmen, e a irmã Patrícia
"Eu gosto de descer o sarrafo na guitarra", com essa simples frase que o guitarrista Paulo Schroeber se apresentou ao Brasil, recém efetivado o guitarrista do Almah. As palavras de Edu Falaschi, seu companheiro de banda, também o descrevem bem: "Um dia, tive o prazer de conhecer um cara simples e completamente maluco! e visual agressivo, mas de uma tranquilidade digna dos grandes!". A sua técnica e versatilidade chamaram muita atenção dos amantes da guitarra, o que acabou lhe rendendo vários elogios e ótimas colocações nas principais revistas e sites de Rocke Metal, sendo considerado por muitos, um dos melhores guitarrista do país.
Todo esse reconhecimento acabou resultando em vários convites, dentre os quais, de integrar outras bandas, como o Astafix e o Hammer 67.

Em 2011, Paulo descobriu que tinha uma doença genética em seu coração, tendo de tomar a dura decisão de sair do Almah e de suas outras bandas, mas o mais difícil foi não poder mais fazer o que amava, que era tocar sua guitarra. E, infelizmente, em março desse ano, ele acabou não resistindo a doença e faleceu, deixando fãs, amigos e comunidade musical comovida e sentindo muito a sua ausência (lembrando que neste ano também perdemos Hélcio Aguirra, outro grande guitarrista da cena brasileira).

Para fazermos essa homenagem, nós do Road To Metal convidados a Patricia Schroeber, irmã do Paulo, pra falar um pouco mais sobre a trajetória do irmão, seja na vida musical e pessoal, até o seu último desejo, que seria o de manter sua música viva...e a arte é eterna, e Paulo estará sempre entre nós através de sua arte.


RtM: Muito obrigado por nos atender, Patricia! Pra começar toda essa retrospectiva da vida do Paulo, você lembra como foram os primeiros passos dele dentro da música? Especialmente como começou a ouvir Rock e o Heavy Metal?
Patricia: Na verdade, o Paulo sempre teve uma veia musical muito forte. Desde que ele era bem pequeno, com uns 5 ou 6 anos (até menos), nos brincávamos nessa mesma casa onde estou morando agora, que inclusive ele voltou a morar aqui antes dele falecer. Quando era pequeno, ele já montava as guitarras dele, pegava umas madeiras, botava preguinhos nas pontas com fios de náilon, e já ficava tocando guitarra, fazendo de conta que era um violão e esses tipos de coisa. A partir dai ele começou a gostar de música, ele sempre montava as baterias dele com latinhas de tinta. 

Dai ele foi crescendo, sempre ouvindo música e gostando de batucar. Ele batucava e quebrava a janela de casa da minha mãe. Era um stress total, mas era sempre isso que ele fazia. E antes dos 15 anos, ele ganhou, de um amigo, o primeiro disco de vinil, que se eu não me engano era do AC/DC. E foi ai que ele começou a gostar de Rock e de Heavy Metal. Ai ele começou a querer fazer aula de música, não muito incentivado pelo meu pai, porque sabe como é: 'Ah, música não dá futuro! Mas já que é adolescente, deixa seguir em frente'. A partir dai que ele ganhou o primeiro violão dele, com mais ou menos 15 ou 16 anos, e foi ai que foi dado o inicio dele fazer aulas. 

A guitarra ele só ganhou depois, ele primeiro fez aulas de música clássica pra depois começar fazer aulas de guitarra. E desde então ele não parou mais e, como sempre digo, o Paulo sempre teve uma veia artística muito forte. Era uma coisa muito louca o quanto ele gostava de música, desde pequeno.

Paulo com o Hammer 67
RtM: O gosto pela música começa muitas vezes dentro de casa, mas dificilmente o Rock e o Metal se enquadram neste inicio, começando geralmente com algum amigo, salvo, claro, quando os pais também curtem. A paixão dele pelo Rock e Metal veio de alguém próximo ou fora da família?
Patricia: Foi de fora da família que ele ganhou o primeiro disco de vinil, através de um amigo.

RtM: Quando uma pessoa começar a gostar e apreciar ainda mais o Rock e o Metal, já começa a procurar a buscar informações e material sobre as bandas, o que acaba transformando a pessoa em um colecionador. Ele tinha esse costume, esse lado fã e de colecionador além de tocar guitarra?
Patricia: Ele sempre teve muitas camisetas de banda. Todas as bandas que ele curtia na época, ele tinha a camiseta. E hoje, dentro na sala de música dele, tem uma infinidade de CDs das bandas que ele curte. E naquela época ele tinha, sim, os di scos de vinil dele. Ele não foi um colecionador, mas ele sempre teve, de alguma forma, alguma coisa das bandas que ele curtia. 

RtM: Em cima dessas duas perguntas que eu fiz, o fã de Rock sempre possui vários interesses, além de colecionar, geralmente também deseja aprender a tocar um tipo de instrumento. Como começou esse interesse do Paulo em querer tocar guitarra e quem o incentivou? Desde cedo o sonho dele era ser um músico?
Patricia: O Paulo nunca pensou em outra coisa da vida senão ser músico. Ele sempre quis ser músico! Foi meio que paralelo quando ele ganhou o violão e o interesse pela guitarra. Ele ficou muito pouco tempo tocando violão e, logo em seguida, foi pra guitarra. Ele nunca pensou em ser médico, dentista... Ele sempre dizia que queria ser músico e ele foi atrás desse sonho.


RtM: A pessoa quando vai atrás dessa meta de aprender a tocar, a primeira coisa é conseguir o desejado primeiro instrumento. Você lembra como ele adquiriu a primeira guitarra?
Patricia: Foi o meu pai que deu a primeira guitarra pra ele, mas eu não me lembro com qual idade. A minha mãe deve saber um pouco melhor e eu até posso te dar essa informação depois, porque ela não está em casa agora, mas acredito que foi um pouco depois do violão, que foi entre 16 ou 17 anos, e  até hoje ela está aqui em casa, a Ibanez.

RtM: Vontade e determinação pra mim são os dois principais fatores de querer seguir a vida tocando guitarra. Quando ele percebia que estava evoluindo, ele tinha costume de tocar pra família e para os amigos? Você também observava que, com os empenhos que ele tinha, poderia ir muito longe?
Patricia: O Paulo era uma pessoa extremamente dedicada! Era uma dedicação tão louca que, se um dia tem 24 horas e nós deixássemos, ele estudava 24 horas por dia. Era uma dedicação muito em cima da música, e inclusive a gente brigava muito, porque ele estudava de manhã e eu fazia faculdade. E, como todo bom músico, ele sempre estudava durante a noite e de madrugada, porque ele dizia que não tinha o barulho da rua e de nenhum som que interferisse na guitarra. E na época nós morávamos em um apartamento e ele ficava no corredor com aquela guitarra tocando a noite inteira. E eu tinha que acordar no dia seguinte cedo e era uma confusão sempre, porque eu mandava ele abaixar o som da guitarra e ele continuava andando pra cima e pra baixo no corredor ensaiando. 


E o Paulo era muito exigente com a técnica dele. E quanto mais ele estudava, mais ele queria ir a fundo. E ele nunca estava satisfeito com aquilo que ele fazia, ele era perfeccionista ao extremo, que chegava ser uma coisa que passava do normal. E ele nunca foi de tocar pra família, ele nunca gostou muito disso e tocava pra gente porque a gente ouvia ele tocando no quarto e nos primeiros shows que nos fomos ver ele tocando, mas em casa era muito difícil dele vir mostrar algua coisa pra gente.

RtM: Com os anos se passando, a pessoas já começam a ganhar experiência. Isso acabou resultando dele dar aulas para iniciantes na guitarra. Você acompanhava como era o Paulo “professor” e incentivador dos seus alunos? De motivá-los a se dedicar, não desistir?
Patricia: No inicio eu acompanhei, quando ainda morávamos juntos. E logo que ele começou a dar aula tinha muitos alunos, e ele sempre incentivou todos eles. Ele nunca disse: 'Ah não vai...não faz!". E a música é isso, mesmo. Por mais dificuldade que a música tem, e a gente sabe que todo músico passa por dificuldades, porque a música não é reconhecida aqui no Brasil, ainda mais nessa área do Heavy Metal, por exemplo. E de alguma forma, ele sempre incentivava todos.

Paulo ensinando os primeiros acordes ao sobrinho
RtM: Entrando na parte de visibilidade quanto músico, a primeira banda em que o público brasileiro teve a oportunidade de conhecer o trabalho do Paulo foi Almah. Como foi a reação dele quando ele foi chamado para tocar na banda? E como ele deu a notícia para vocês? Acredito que deve ter sido uma verdadeira festa, pois era mais um belo passo nessa carreira que ele escolheu.
Patricia: Foi uma coisa muito louca quando ele entrou no Almah, porque foi através do baterista Marcelo Moreira. Ele foi amigo de adolescência do Paulo, porque o Moreira é daqui de Caxias do Sul, também. Eles se conheciam e parece que, na época, eles precisavam de um guitarrista, o Moreira já tinha o contato com o Paulo e ele foi pra São Paulo. 

E ele foi pra São Paulo muito cabreiro, muito sem saber o que poderia acontecer e do que ia rolar. E quando ele entrou no Almah, ele ficou muito feliz, nos contando que ele era o cara e que ia entrar na banda. E nós ficamos muito mais felizes, também. E logo veio o convite do Astafix, do Wally, onde ele começou conciliar as duas bandas. E quando tocava nas duas bandas, a gente não via mais ele em casa, porque ele ficava muito pouco tempo aqui em Caxias.

RtM: Posso até estar equivocado, mas talvez se não fosse o Almah, muitos não saberiam quem é Paulo Schroeber. E ainda bem que ele teve essa oportunidade de mostrar seu trabalho a um público maior. O Almah deu uma visibilidade em nível nacional e até internacional para o Paulo, também deve ter aberto várias portas para o trabalho dele. Ele sempre teve como objetivo viver da música? Como vocês se sentiram, vendo que ele estava conquistando esses sonhos?
Patricia: Sabe que o Paulo nunca foi uma pessoa ambiciosa, quem conhecia ele sabe o jeito que ele era, assim como todos os fãs conheceram também. Ele nunca demonstrou isso e pra nós, e foi uma surpresa muito grande quando, após ele falecer, de sabermos realmente o quanto ele era querido pelo Brasil. Não tínhamos essa noção, porque ele não falava pra gente também. O Paulo nunca foi ambicioso de dizer que queria ser reconhecido pelo Brasil, ele foi fazendo o trabalho dele de maneira tranquila, foi mostrando o que sabia... Só que ele sabia tanto que ele cativou as pessoas pela sua técnica. 

E muito do que ele aprendeu, foi sozinho, ele era autodidata, porque as coisas que ele fazia nenhum professor ensinou pra ele. E, claro, ele gostava de ser reconhecido, e quando aconteceu dele ficar doente e teve que se afastar da música, doía muito nele, ver as pessoas pedindo pra ele voltar e ele não podia. Ele conversou comigo muitas vezes no ano passado, não faz muito tempo, quando somente eu e ele saímos algumas vezes, ele falava que era muito difícil ouvir as pessoas falarem: "Paulo, volta",  e ele não poder voltar. E houve essa possibilidade no inicio deste ano, quando ele estava super feliz em janeiro, fazendo planos de voltar pro Almah e não conseguiu. E ele não tinha essa ambição de ser reconhecido, ele foi reconhecido pelo profissionalismo dele e pela técnica que ele tinha, aconteceu naturalmente.

Paulo com o Almah
RtM: O tempo do seu irmão dentro do Almah foi em torno de 4 anos. O motivo da saída dele da
banda foi devido à saúde? Até porque viagens, shows, pouco descanso, alimentação nem sempre adequada fazem parte do dia a dia de uma banda na estrada. Você lembra o momento em que ele tomou a decisão de sair da banda? 
Patricia: Lembro que doeu muito nele quando teve que tomar a decisão de sair da banda, porque foi realmente no período que ele começou a ficar doente mesmo. O coração dele já não aguentava mais quando eles gravaram, na época, o último clip do Almah aqui em Caxias. Foi a última vez que ele ainda conseguia tocar. 

E naquele dia ele estava muito ruim, ele não estava nem um pouco bem. Ele estava tonto e muito mal, por causa da doença, ele não podia fazer nenhum esforço físico. E muitos pensam que pra tocar não se faz tanto esforço físico, muito pelo contrário. Pra ele foi uma decisão muito difícil e tivemos que dar muito apoio, porque a gente viu o quanto decepcionado ele ficou. E ele sofreu muito na decisão de ter que deixar as bandas em que tocava.


RtM: E você falou em uma das perguntas que ele tinha planos de voltar pro Almah. Ele estava empolgado com possibilidade dele voltar pro Almah? E eu lembro que o vocalista, Edu Falaschi, afirmou que estava quase garantido que ele ia voltar, mas que depois de um tempo o seu irmão mencionou pro Edu que ainda não era o momento certo.
Patricia: Ele teve esse plano porque ele começou a se sentir bem, e no final do ano passado, ele teve uma melhora bem significativa. Ele estava se sentindo bem, ele colocou o aparelho, vinha se recuperando de uma fase bem difícil da cirurgia em que colocou o aparelho, teve um monte de reações... Ai ele conversou com um dos médicos e o médico disse que ele poderia voltar a tocar, desde que estivesse bem. É claro que tinha que ter muitos cuidados, porque ele tinha um marca passo e um desfibrilador junto, que é um aparelho chamado CDI. 

Mas ele estava super tranquilo e super empolgado. Eu me lembro que, quando ele me ligou, fomos passar uma semana na praia em janeiro, ele me disse:"Bah, eu vou passar um semana na praia contigo, que depois eu vou voltar e me organizar, e eu já falei com Edu, porque acho que eu vou voltar pro Almah, voltar a tocar e dar aula de novo". Ele estava com uma empolgação naquele dia em que ele me ligou que até eu fiquei empolgada. Quando voltamos da praia, ele fez uma consulta com uma outra médica daqui de Porto Alegre, a esma a qual fez colocação do CDI, e essa médica falou que ele não tinha condição de tocar de jeito nenhum. E foi ai que o mundo dele foi por água baixo de novo, ele não acreditou que não ia mais voltar a tocar. E ai foi desencadeando uma série de coisas até acontecer o que aconteceu.

Astafix
RtM: Não sei se você tem costume de ouvir os trabalhos do seu irmão. Mas qual disco ou músicas que ele gravou você mais gostar de ouvir?
Patricia: Eu amo a música que ele fez pra minha mãe. Eu me desmonto com aquela música (risos). Eu gosto mais da música da mãe, do CD solo dele. E a música do pai, que eu acho lindo o clip que ele fez pra ela, e que eu gosto bastante.


RtM: Pra cada profissão, sempre tem aquele merecido descanso, mesmo se tratando de um músico, que passa boa parte do tempo viajando e compondo. Quais eram os hobbies do seu irmão quando ele estava fora da música e dando um descanso para a guitarra?
Patricia: Ele nunca dava descanso pra guitarra (risos). Era muito difícil ver ele sem a guitarra, até mesmo nas férias. Quando ele estava em casa e chegava de algum show, porque ele ficava bastante tempo fora, geralmente ele ficava só em casa. E quando ele ficava em casa, o que fazíamos era sempre se reunir, porque somos uma família muito unida. Fazíamos muito churrasco e fazíamos muita festa. E sempre fomos de ficar muito em casa, porque atrás da casa minha mãe tem um quiosque onde nos reuníamos e fazíamos um churrasco. Sempre ficávamos esperando ele chegar. Eu vinha para a casa da mãe, e sempre fazíamos uma janta ou algum almoço pra que, na hora que ele chegasse, estivéssemos com tudo pronto, sempre esperando por ele.

RtM: Algo que vêm em minha mente (N. do R.: Gabriel Arruda), é o quanto ele era simples, e eu acho que eu fui uma das primeira pessoas a conhecer o trabalho do Paulo, logo que ele entrou no Almah, isso bem na época do Orkut. E quando eu mandava mensagens pra ele, sempre tive retorno por parte dele, o que me fez enxergar que ele era uma pessoa extremamente gentil. E quando chegou aquele dia 24 de março, eu fiquei muito surpreso e em choque ao mesmo tempo com a morte dele, porque eu nunca tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, e também tinha planos de entrevistá-lo caso ele voltasse pro Almah. Como foi aquele dia 24 de março pra você?
Patricia: Olha, foi um dos piores dias da minha vida! Talvez eu me emocione pra falar isso, mas vou falar. Ele já vinha de 15 dias no hospital, eu e a minha mãe nós íamos diariamente, porque só tinha três horários de visita e ele estava na UTI. A minha mãe ia em todos os horários e eu deixava um horário pra algum amigo dele querer visitá-lo. E nesse período ele tinha uma namorada, que não era uma namorada na verdade, eles ficaram juntos só dois meses. E naquele dia 24, em que ele começou a ficar ruim, antes disso, havia a previsão de alta dele pro dia 25. Na terça feira, ele ia sair do hospital. E no domingo, dia 23, ele deu uma piorada, e ele acordou extremamente ansioso! Queria arrancar tudo, porque ele estava sendo monitorado e com uma máscara de oxigênio muito grande. 




Ele queria arrancar, ficou extremamente ansioso e tiveram que sedá-lo, pra ter uma a ideia da agitação dele! E no domingo deram morfina pra ele, coisa que nunca tinham dado durante todo esse tempo em que ele baixou hospital várias vezes. E no domingo ele ficou muito sedado. No mesmo dia eu fui vê-lo, achei ele muito grogue, mas mesmo assim eu falei com ele, ele só balançou a cabeça e eu falando algumas coisas pra ele perguntando se estava tudo bem e ele dizendo que não, porque ele já estava de saco cheio e querendo sair do hospital logo,  mas eu pedi pra ele ter calma, que ele fizesse a sua parte e que a gente faria a nossa no lado de fora, porque a gente estava indo pra fila do transplante. Ele balançou a cabeça me dizendo sim, dei um beijo nele e eu fui embora. E na segunda feira voltamos e ele já estava bem ruim de manhã,  eram umas 11:00 horas, a primeira visita. 

E ainda existia uma possibilidade, e foi ai que o médico dele chegou, porque ele estava viajando naquele final de semana. Existia uma possibilidade, uma esperança, digamos, lá no fim do túnel, que era uma droga, que seria injetada no coração dele. E se dessem essa dose o coração dele ia dar uma reagida, porque o coração dele estava com o batimento muito fraco. Essa dose daria, digamos assim, uma sacudida no coração dele, fazendo com que, talvez, reagisse. Digamos que isso foi a nossa última cartada. Eu subi pro hospital, umas 14:00 horas, e digo subir porque o hospital ficava numa parte alta da cidade, pra agilizar a liberação desse remédio. 

Eu consegui agilizar a liberação, mas só que, quando eu cheguei na porta da UTI, perguntando pra enfermeira como o Paulo estava, a enfermeira me disse que ele estava entubado. E quando ela disse isso, eu pensei que o pior ia acontecer. Mas eu perguntei por que ele estava entubado, e ela respondeu que o entubou pra ele não sofrer. Mas eu perguntei por que ele estava sofrendo,  e ela disse que ele estava sentindo um pouco de dificuldade...e aquele tipo de coisa de enfermeira... que vão te dando curva literalmente. 

Eu voltei pra lá perguntando se já haviam dado remédio pra ele, e afirmaram que sim. Ai ela voltou correndo pra sala e, logo em seguida, ela me chamou de novo me falando que o Paulo teve uma parada cardíaca, mas que conseguiram reanimar ele. E quando ela me disse isso, eu senti as pernas amolecerem. Ai eu liguei pra minha mãe pedindo para ela vir para o hospital, porque o Paulo não estava muito bem. Ai começaram a colocar nós dentro da sala da UTI, na sala de família e já começaram a trazer chazinho de camomila, docinho, dai não sei o que, dai o outro médico venho conversar com a gente e, depois disso, o Paulo teve outra parada cardíaca, mas que conseguiram reanimá-lo novamente.

E eu comecei a sentir as pernas amolecerem de novo, perguntando como é que estavam os rins dele, e ela me disse que os rins dele estavam parando. E na hora eu pensei que, quando os rins estão parando, é porque está parando tudo. Depois disso eu só sentei e o mundo começou a girar ao meu redor, e que não parecia verdade que aquilo estava acontecendo. O médico dele, que tratou a doença toda, que se chama Miocardiopatia Dilatada, entrou na sala correndo. E quando eu vi o médico entrar correndo, eu falei pra minha mãe que o Fábio (nome do médico) tinha chegado.
Manifestação de Edu
E quando o Fábio entrou na sala, o Paulo teve a terceira parada cardíaca e não resistiu... e quando o médico veio falar pra gente, ele não precisou falar nada...dava perceber pela cara dele. E no momento que o Paulo faleceu, tinha um monte de amigos dele no hospital, porque os amigos dele tem contato comigo. E um desses amigos que me ligaram foi o Paganella, vocalista do Hammer 67, falei pra ele que o Paulo não estava legal. O Paganella acabou ficando no hospital e, em seguida, começou a subir um monte de gente. E aquilo foi um caos! E quando ele faleceu, parecia que o mundo tinha caído nas minhas costas e nas costas da minha mãe. 

E eu acho que eu nunca passei por uma dor tão grande. Foi mais difícil do que ter perdido o meu pai, porque a ordem natural da vida, seria os filhos enterrarem os pais e não os pais enterrarem os filhos. E por mais que estivéssemos preparados de alguma forma, o médico já tinha esclarecido tudo sobre a doença pra nós, porque é uma doença genética que nós temos na família e este é o terceiro caso. Eu tinha perdido dois primos meus, um de 23 e outro de 26, por mais que a agente sabia que poderia acontecer, nunca imaginamos que ia acontecer realmente, porque ele foi o que mais durou esse tempo todo, apenas até os 40 anos. 


E posso te dizer que o dia 24 de março foi um dos piores dias da minha vida, tanto que o médico dele sentiu muito e não conseguiu se despedir de nós. Ele tinha saído da sala numa disparada que eu e meu marido tentamos parar ele no corredor do hospital e ele não parava um segundo, desesperado. E no dia seguinte, ele ligou pro meu marido pedindo desculpas, porque ele não tinha condições de falar com a gente de tanto que ele gostava do Paulo, por esse tempo de convivência que os dois tiveram, que foram de 2 ou mais anos de convivência, todos os meses. E dia 24 de março foi bem difícil, mesmo.
Um vencedor! Erguendo sua guitarra como um troféu.
RtM: E eu te digo, sinceramente, que seu irmão foi um guerreiro, mesmo! Você acabou de falar que dois primos faleceram muito novos, e o Paulo aguentou até os 40 anos. E mesmo doente, enfrentando dificuldades e problemas, ele continuava celebrando a vida normalmente. E isso deve servir de exemplo para muitos.
Patricia: E mesmo no hospital nós brincávamos e eu atualizava ele de tudo o que estava acontecendo, porque o pessoal começou a ver no facebook dele que eu sou a irmã dele. Então o pessoal começou a perguntar pra mim tudo o que estava acontecendo e ele adorava.

Ele tinha certeza que ia sair do hospital. E, com certeza, ele aproveitou a vida dele. Ele aproveitou porque ele foi muito certeiro e muito engraçado, quem conviveu com ele sabe o quanto ele era engraçado, porque ele sempre falava bobagens e ficava ligando pros amigos dele no meio da madrugada pra tirar sarro da cara dos guris. O Paulo fazia cada coisa! Ele era engraçado demais, mesmo.

Com o Astafix, no programa "Combo+Joga" da Play TV
RtM: Descreva um pouco pra gente, para os fãs, o Paulo o irmão, o amigo, um pouco mais da pessoa além do músico.
Patricia: Eu não tenho como descrever isso, porque eu e ele sempre fomos muitos ligados. Ligado no sentido de irmão parceiro. É claro que a gente se distanciou, porque eu fui morar fora daqui e ficamos bastante tempo longe. E não tinha irmão melhor que ele, porque nunca discutimos no sentido de ficar meses sem se falar, brigávamos porque ele ficava tocando guitarra sem parar, mas continuávamos nos falando normalmente. 

Ele era uma pessoa fantástica e, por mais mau humorado ele estivesse, eu acabava tirando o sarro do mau humor dele. E o mau humor dele é engraçado, também. E não tinha como não gostar dele,  ele era muito parceirão  porque eu só tenho ele de irmão. E eu sinto muita falta dele. Eu não tenho nem o que dizer dele como irmão, porque ele era uma pessoa nota 1000.

Paulo vem recebendo várias homenagens, e várias outras sendo programadas, como o o álbum acima, além de shows, como durante o do Almah, em Porto Alegre.

RtM: Antes dele morrer ele expressou algum desejo especial?
Patricia: O único desejo dele antes de morrer, e ele pediu isso, é que a gente não deixasse a música dele ser esquecida, que mantivéssemos o legado dele e que também não tirasse o site dele do ar. E não vamos deixar que isso aconteça, jamais! O CD solo dele continua sendo vendido e ele tinha muito trabalho gravado. Então o ano que vem, inclusive estou dando essa notícia em primeira mão, vamos lançar um CD com músicas inéditas dele, de tanto trabalho que ele tinha. Está foi a única coisa que ele pediu antes dele falecer.

RtM: E a maior conquista dele como músico?
Patricia: Acho que o reconhecimento foi a maior conquista dele, porque ele era uma pessoa muito simples e não almejava grandes coisas. O Paulo sempre foi muito na nele. Se ele tinha ou não tinha determinadas coisas, por exemplo materiais, pra ele não fazia muita diferença. E também aonde ele chegou, porque não é à toa que ele foi considerado um dos melhores guitarristas do país. Mas ele era de uma simplicidade tão grande, que ele falava pra nós que foi eleito um dos melhores guitarristas do país em tal publicação...e pronto.

E ele falava isso pra nós como se fosse dizer quase nada, e foi uma surpresa muito grande quando vimos todo esse reconhecimento por parte dos fãs dele aqui no Brasil, que inclusive recebemos mensagens até de fora do país. E quando ele faleceu houve uma repercussão da mídia, de ter saído matérias em sites como o Terra, Uol, G1, nas TVs e nos tele jornais de circulação; também saiu na Folha de São Paulo, nos jornais daqui do Rio Grande do Sul e também de lugares que eu nem sei e que me disseram depois. E nem nós tínhamos essa noção de como ele é reconhecido pelo Brasil todo.


RtM: Fica o espaço para sua mensagem aos amigos e fãs do Paulo, e também, aproveitando, li em algum lugar que você está com um projeto/campanha quanto a doação de órgão, gostaria que você falasse sobre essa iniciativa.
Patricia: Primeiramente eu, e em nome da minha mãe, é agradecer todo esse espaço que a gente está tendo pra falar dele. Agradecemos de coração tudo isso que estão fazendo por ele. Estamos sim fazendo essa campanha de doação de órgãos, sangue, medula e tecidos em função de que: o Paulo estava na fila do transplante, e a gente sabe que, aqui no Brasil, o transplante não é uma coisa tão fácil quanto falam e quanto presam que, por exemplo, nessa novela das nove, eles fizeram um transplante como se fosse uma coisa simples, o cara ficou doente e do dia pro outro conseguiu o transplante. A gente sabe que não é assim, o meu primo de 26 anos estava na fila do transplante há muito tempo e não conseguiu um coração.


O Paulo estava na fila do transplante e não conseguiu o coração. E nós doamos as córneas dele, não conseguimos doar mais nada dele porque foi muita medicação e não teve mais nenhum órgão que fosse aproveitado, porque se não teríamos doado algum outro órgão. E a importância é que queremos esclarecer a questão da doação de órgãos, porque tem muita gente que não é esclarecida e tem muita desinformação na questão do transplante, da doação de córneas e de medula, e principalmente na medula que pode ser feito em vida. E as pessoas não sabem por desinformação, porque tem muita barreira que a gente enfrenta nessa área, que são questões até religiosas, em que a própria religião da família não permita que faça a doação de órgãos. O objetivo é com que esclarecemos isso e que tenha a imagem dele como pano de fundo dessa campanha pra que, realmente, as pessoas se sensibilizem e doem os órgãos das pessoas que falecem ou, então, a doação de sangue e a de medula. 

É uma conscientização e uma mobilização pra que a doação de órgãos aconteça de uma forma mais efetiva, e não de maneira mentirosa como Ministério da Saúde pública que cada vez aumenta. Se for pensar quantas pessoas são transplantadas que você conhece? É nenhuma ou pouquíssimas! Eu, particularmente, não conheço nenhum transplantado. Estamos com um apoio bem significativo dentro do Heavy Metal, que não sei se você chegou a ver, de vários lideres de bandas que estão gravando vídeos, compartilhamos o primeiro da banda Angel Holocaust, apoiando a campanha e a importância da doação de órgãos. Já temos vários vídeos gravados e vamos compartilhar um por semana pra que as pessoas se mobilizem, fora que tem vários shows acontecendo, onde tem um grupo de meninas em que acabamos nos conhecendo em função da perda dele. É uma de cada lugar: uma de São Paulo, Juiz de Fora, Feira de Santana... E cada uma faz alguma coisa em algum lugar. Então estamos bem engajados na divulgação dessa campanha.  


Muito obrigado pela sua atenção! Eu, e a equipe do Road To Metal, estamos muito orgulhosos em poder fazer essa homenagem ao Paulo junto com você, contando tudo sobre a trajetória dele. Eu nunca cheguei a conhecê-lo pessoalmente, mas pelas mensagens que eu trocava com ele algumas vezes, ele se mostrava uma pessoa simples e gentil. E ele ainda tinha muito gás e muita lenha pra queimar na carreira dele.
Patricia: Pena que a vida é assim, o mundo acaba levando as pessoas que a gente não gostaria. E como eu digo, e já conversamos muito sobre isso, mas o jeito que ele estava seria muito injusto deixar ele aqui, porque ele já não tocava a guitarra fazia 2 meses. E você acha justo a pessoa ter a vida dentro da música e de não conseguir mais tocar guitarra e de, também ,não ter mais resistência, porque, às vezes, era falta de ar e doía o peito? Isso não é a vida! Eu te agradeço muito, de coração, pela homenagem que vocês estão fazendo a ele. E ficamos a inteira disposição de vocês.

Agradecemos também a sua mãe, a dona Carmen.
Patricia: Que é uma guerreira! Não está fácil pra ela, porque ela ainda não consegue falar muito sobre as coisas dele, mas que está ai firme e forte tentando segurar as pontas, porque eles ainda moravam juntos. Ela que cuidou dele, sempre. Ela cuidou de alimentação e de tudo, mas que vamos em frente tentando ajudar.


Entrevista: Gabriel Arruda/ Colaborou: Carlos Garcia
Revisão/edição: Carlos Garcia
Fotos: divulgação e arquivo da família

Acesse e conheça mais sobre o Paulo:


PARTICIPE DO TRIBUTO AO GUITARRISTA PAULO SCHROEBER QUE IRÁ OCORRER DIA 17/08/2014 NO TEATRO PEDRO PARENTI EM CAXIAS DO SUL. 
GRAVE E ENVIE UM VIDEO DE ATÉ CINCO SEGUNDOS QUE FALE SOBRE O PAULO E ENCAMINHE PARA O E-MAIL: hammer67metal@gmail.com

SUA PARTICIPAÇÃO É MUITO IMPORTANTE !!! NÃO FIQUE FORA DESSA!
Acesse Aqui a Página Oficial no Facebook




"Eu gostaria muito de agradecer a família Schroeber por ter cuidado com todo o amor do nosso parceiro até seu ultimo suspiro! Esse cara lutou muito, até o fim, tocando sua guitarra, que era um dos grandes motivadores de sua batalha! Parceiro Paulão, "Paulo Véio" como nós o chamávamos, descanse em paz onde vc estiver! Sentiremos muitas saudades de vc!"  (Edu Falaschi)















Angra: Assista Apresentação da Banda no Hellfest na França


Banda apresentou clássicos diante do público francês e de todo o mundo

Recentemente a banda brasileira Angra se apresentou no mundialmente aclamado Hellfest Open Air Festival na França, juntamente com bandas como Iron Maiden, Black Sabbath, Aerosmith, Soulfly e dezenas de outras.

O festival que aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de junho reuniu milhares de pessoas e entrou para a história por reunir os mais variados nomes do Metal mundial junto com as maiores lendas em atividades.

Fabio Lione, em destaque, segue em turnê como vocalista e volta a se apresentar no Brasil ainda em 2014

Na ocasião, o Angra se apresentou no palco secundário, executando sete músicas clássicas da carreira, como "Angels Cry", "Nothing to Say" e "Nova Era", dentre outras.

Este é um dos primeiros shows com o novo baterista Bruno Valverde, que substitui Ricardo Confessori e ainda tem um caminho longo pela frente para obter a confiança dos fãs. Além dele, segue nos vocais o italiano Fabio Lione (Rhapsody of Fire, Vision Divine), efetivado na banda e que estreará com faixas inéditas no vindouro álbum que começou a ser gravado este ano.

Primeira foto da nova formação com Bruno Valverde (segundo da esq.p/dir.)

Confira apresentação completa da banda abaixo!


Tracklist
01. Angels Cry
02. Nothing to Say
03. Wainting Silence
04. Lisbon
05. Spread Your Fire
06. Rebirth
07. Carry On/Nova Era

Texto/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Acesse outras matérias sobre a banda
Entrevista com Fabio Lione
Entrevista com Rafael Bittencourt

domingo, 29 de junho de 2014

Entrevista: Ricardo Batalha Fala Sobre o Evento e a Campanha "Super Peso Brasil"


Ricardo Batalha é um nome muito conhecido e respeitado no cenário metálico brasileiro, e, claro, também lá fora, principalmente pelo seu trabalho na Roadie Crew, o garoto que entrou de cabeça no Metal depois de "descobrir" o álbum "Vol 4" do Sabbath, e como muitos profissionais da área, começou fazendo fanzines, e, o sonho que tinha, tornou-se realidade, com a RC sendo hoje a principal publicação de Classic Rock e Metal no Brasil, e uma das melhores do mundo com certeza, sem querer ser "bairrista". Além disso, Batalha também possui uma assessoria de imprensa, colabora com programas de TV e rádio.

Muito ativo em prol da cena, sempre está, com o perdão do trocadilho, "batalhando" por alguma causa nobre, como o projeto "Peso Brasil", que depois transformou-se no "Super Peso Brasil", evento que reuniu 5 grandes nomes do Metal brasileiro, que surgiram nos anos 80 e voltaram as atividades, lançando novos trabalhos e fazendo shows. Esse evento foi gravado e como forma de viabilizar o lançamento do material para o público, juntamente com André Bighinzoli, do Metalmorphose, foi criado o projeto de crowdfunding no site Catarse, e agora está na sua reta final. Conversamos com Batalha para contar um pouco mais sobre a ideia, e também levar aos fãs a oportunidade de, faltando poucos dias, não perderem a oportunidade de adquirir esse material, e também para os que não estão acostumados com esse tipo de projeto, ou se sentirem inseguros, verem que é algo seguro e sério.  Confira!



RtM: No começo do ano passado, você idealizou um projeto que até então era chamado de “Peso Brasil”. Conforme foram passando os meses, surgiu a ideia de fazer uma edição, que de “Peso Brasil” passou para “Super Peso Brasil”, chamando os principais nomes do Heavy Metal nacional pra tocarem no mesmo dia. O que passou pela tua cabeça de montar toda essa celebração que, imagino, deve ter sido muito difícil?

Batalha: A ideia simplesmente veio porque eu via com frequência as pessoas falando do trabalho das bandas pioneiras com entusiasmo, recordando aquele início do Metal brasileiro e mencionando sempre discos que se tornaram clássicos. Muitas delas retomaram as atividades, começaram a fazer shows e lançaram material novo. Apesar disso tudo, eu nunca tinha visto uma celebração, uma homenagem a elas e daí veio a ideia de fazer o 'Super Peso Brasil'. O evento foi o nosso 'muito obrigado' aos que abriram caminho para as gerações que vieram depois. A concepção foi minha e a produção executiva foi do André Bighinzoli do Metalmorphose, que viabilizou a ideia para sair do papel para o palco. Todas as bandas ajudaram e entenderam o sentido do evento, que foi muito legal! Uma pena que quando você ajuda a organizar não dá tempo de ver. (risos)


RtM: Colocar o Stress, Metalmorphose, Taurus, Salário Mínimo e Centurias pra tocar no mesmo dia não é uma coisa que acontece sempre, afinal essa reunião, até mesmo nos anos 80, nunca aconteceu, conforme declararam os próprios músicos.  Fazer uma reunião inédita dessas te deu uma motivação extra?

Batalha: A motivação foi a mesma desde quando surgiu a ideia. Eu precisava agradecer todos que deram início ao que temos hoje. O motivo foi este, simplesmente este. Eu queria e precisava dar o 'muito obrigado' aos pioneiros e mostrar que eles estão vivos e atuantes.


RtM: Como a maioria sabe, antes do “Super Peso Brasil” ser realizado você já estava reunindo bandas pra tocas nos domingos no Manifesto Bar, com a ajuda do Silvano, proprietário do local, e que levava o nome de “Peso Brasil”. Mas no caso do Super Peso Brasil, a situação já era outra e teria que ser realizado em um local mais amplo. Aqui no Brasil, onde tem vários shows internacionais acontecendo, foi complicado achar um lugar para realizar o evento, que no final acabou sendo o Carioca Club?

Batalha: Não, porque tudo foi feito com muita antecedência. A partir do momento que fechamos o cast, o André Bighinzoli foi ao Carioca Club e fechou a data em um sábado. O 'Peso Brasil' era no Manifesto Bar, mas a organização do 'Super Peso Brasil' não teve relação com a casa. Aquele foi um encerramento do ano em grande estilo, com a presença de bandas autorais pioneiras.

RtM: O evento foi um sucesso de críticas e opiniões, com o Carioca Club tendo a lotação máxima, e para muitos, foi um dia histórico do Metal nacional. Até hoje eu me arrependo em poder não ter ido, porque estava meio que sem condições. Mas devido algumas pessoas morarem distantes, ou em outros Estados, os shows foram registrados para um futuro DVD, que só vai depender dos fãs para ser lançado, pois, juntamente com o André, da Metalmorphose, foi criado o projeto de crowdfunding no site Catarse. Conte um pouco de como surgiu a ideia.

Batalha: Bem, a ideia do crowdfunding no site Catarse, a concepção do material e da campanha foram do André Bighinzoli, já que não houve interesse por parte de gravadoras para lançar o material. As bandas se reuniram e como o material já estava gravado em vídeo, o Bighinzoli criou a campanha e colocou no ar (http://www.catarse.me/pt/superpesobrasil). Isto não é algo tão novo, porque o Velhas Virgens, Raimundos, Dorsal Atlântica, Hugo Mariutti e muitos outros artistas brasileiros lançaram material através do financiamento coletivo.


RtM: Também conversamos com o Ravache e o China Lee, em entrevista para o Road, e comentamos também que acreditamos que o projeto Super Peso Brasil também servirá para mostrar algumas coisas, como o quanto os fãs de Metal no Brasil realmente apóiam as grandes bandas que temos, e que também para termos uma noção de como o público está reagindo a iniciativas e caminhos diferentes, como é o caso do crowdfunding. O que você pensa a respeito?

Batalha: Uma coisa não tem a ver com outra porque ninguém é obrigado a participar de nada. Quem quer comparece aos shows, assim como quem se interessa compra o material das bandas. Existem pessoas que entendem mais a profundidade de ações como esta, mas não acredito que as pessoas que não apoiam estejam contra o Metal brasileiro. Por outro lado, acredito que muitos ainda não têm conhecimento do que seja esta modalidade de financiamento coletivo. Não se trata de 'dar esmola', mas de viabilizar um lançamento. Se a pessoa tiver interesse, ela entra no projeto e recebe o material em casa. É até bem simples.

RtM: Bom, obrigado Batalha, fica o espaço para sua convocação final aos Headbangers!!! 

Batalha: Vou mudar aqui a letra da 'Rock Na Cabeça' do Centúrias: 'Não deixe o Metal faltar / Neste caso, ele é como o ar!'.

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Entrevista: Gabriel Arruda
Colaborou: Carlos Garcia
Introdução/edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

                                  É Até dia 06/07!!!!!!
Vamos lá pessoal! é a arrancada final para garantir este material histórico! O Road to Metal está nessa também!  Abaixo o link, só para refrescar a memória, e também o caminho de forma ilustrada! E como diz a música "Sobreviver", do Centurias, "A máquina não vai parar!"

ACESSE AQUI E PARTICIPE







sábado, 28 de junho de 2014

Scrok: Thrash Metal Nordestino com Grande Influência Alemã

Apesar de alguns lançamentos, apenas com "Welcome to Terror" a banda estreia com disco completo

Depois do revival que o Thrash Metal tem passado nos últimos dez anos, pipocam bandas apostando nesse estilo cujo auge fora os anos 1980.

Na onda das ótimas novidades (muitas vezes com anos de experiência mas pouco material lançado), o cenário brasileiro passou a ser um dos mais ricos em todo o mundo, tanto é que de tempos em tempos, cada vez mais curtos, surgem boas bandas desfilando riffs rápidos e vocais agressivos.

Nesta linha o experiente trio Scrok (Timon/MA) faz um trabalho de alta qualidade em “Welcome to Terror” (2013), álbum de estreia que saiu pela Eternal Hatred Records, pois aposta na vertente alemã do Thrash, facilmente agradável aos ouvidos de quem curte Kreator e Destruction. Aliás, os vocais de Valter Reis (que também é responsável pelo baixo) remetem muito aos de Mille Petrozza (Kreator).

O disco traz nove faixas que seguem a mesma linha de riffs rápidos, cavalgados e secos, em vários momentos com grande técnica de Juliano Souza (guitarra). A bateria bem audível e habilidosa de Felix Briano merece atenção especial, especialmente em “Race” (uma veia Igor Cavalera).

Com uma boa produção assinada pela banda e Mike Soares, sendo a gravação realizada no Orange Studio, aliada a arte não limitada a apenas a capa, mas ao encarte e todo o resto com o estilo de revista em quadrinho, colocam o trabalho num nível muito profissional, o que sempre faço questão de ressaltar, pois amadorismo não tem mais vez no cenário nacional.

Arte completa da obra por Leno Carvalho e design de Fábio Pitombeira é um dos destaques.

Se estiver preparado para o headbanging, ouça as faixas “Disgrace Online” (abre os trabalhos), “Terror From the Seas” (haja pescoço!) e “Kill the Tyrants”, esta uma pedrada raivosa sensacional. Merece atenção “Bem-vindo ao Terror/My Name is Rage” que fecha o disco.

Thrash Metal, em primeiro lugar, deve ser empolgante, bem composto, pesado e rápido, qualidades estas que sobram com a Scrok. De resto, não há o que colocar nem por no trabalho desse trio neste disco. Agora é aguardar os próximos.

Stay on the Road

Texto/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação
Assessoria: MS Metal Press

Ficha Técnica
Banda: Scrok
Álbum: Welcome to Terror
Ano: 2013
País: Brasil
Tipo: Thrash Metal
Selo: Eternal Hatred Records

Valter Reis (Vocal e Baixo)
Juliano Sousa (Guitarra)
Félix Briano (Bateria)



Tracklist
01. Disgrace Online
02. Dead by Razor
03. Race 
04. Terror from the Seas
05. Corrosive Capitalism
06. Northeast (Misery and Faith)
07. Desolation 
08. Kill the Tyrants
09. Bem-Vindo Ao Terror/My Name is Rage

Acesse e conheça mais sobre a banda