quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Entrevista – Serbherus: Retornando para transmitir o caos

Fala galera!!! Hoje a Road To Metal está trazendo uma matéria com a Horda Gaúcha Serbherus, com muita informação importante para quem acompanha a banda desde o início da sua trajetória, e também para despertar o interesse de quem quiser conhecer esse Black/Death Metal de muita personalidade e qualidade.

Abordamos na entrevista temas como a formação e histórico da banda, temáticas, influências, sobre o tempo que ficou inativa e seu retorno, lançamento de material, planos, e muito mais!

Confira nossa exclusiva com o baixista Róbson (Abadom) agora mesmo:


Road to Metal: Róbson, para o pessoal que não teve oportunidade de conhecer a banda ainda, e também para levar um pouco mais de informação aos bangers, você poderia fazer um breve histórico do início da Horda até hoje, como e onde foi formada, e se tem material lançado?

Abadom: Primeiramente, gostaria de saudar a Road to Metal bem como todos os seguidores do metal negro que apoiam e acompanham a horda, também, deixar minhas saudações a todos os guerreiros (a) que irão ler esse material.

Bom, a banda foi fundada em 1998 por Mephisthopeles e Tormento, a mesma era cunhada em ideais voltados ao anti- cristianismo, trevas, caos e destruição. Após mudanças na formação a banda se estabilizou com minha entrada, e assim passamos a ser definitivamente um power trio. Vale ressaltar que primeiramente a banda se chamava “Ímpeto Maligno”, tendo mais tarde trocado o nome para Serbherus, cujo nome faz menção a conhecida figura mitológica de três cabeças que protegia o mundo dos mortos na Grécia antiga. (Tártaro).


Dando continuidade, em 2001 já com o nome Serbherus, é gravado o Debut “Devotos da escuridão”, uma demo cheia de ódio e com hinos de total massacre a cristandade. Em 2003 é gravado a segunda demo intitulada “Senhor da Guerra”. A boa aceitação aos trabalhos deu origem ao CD “Guardião das Sombras” gravado em 2004.

A partir de então, saímos em divulgação de nosso trabalho fazendo vários shows pelo Rio Grande do Sul, tendo em 2006 participado da coletânea “Massacre nas terras do Sul” e em 2007 do DVD “Live at Blasphemic Attack IV”. Em 2009 a banda “encerra” suas atividades retomando a mesma no início de 2015.

RtM: Porque a banda acabou encerrando as atividades e qual a motivação que os fizeram retornar?

Abadom: Como dito anteriormente, a Serbherus estava divulgando seu trabalho, e em meados de 2007 iniciamos as gravações do nosso quarto álbum que seria lançado no ano seguinte. No decorrer das gravações, diversos fatores fizeram a mesma atrasar, isso nos levou a uma “pausa” natural das atividades onde cada um de nós seguiu com seus projetos, esses concretos ou não, isso levou à banda a inatividade por esse tempo, em outras palavras, nunca oficializamos nosso fim.

A motivação para voltarmos sempre existiu, visto que possuíamos o sentimento de um trabalho não terminado, mas ainda não havíamos tido a oportunidade para concretizar o fato, o que foi acontecer somente no final de 2014 onde Tormento, Mephistopheles e eu em uma conversa decidimos retomar as atividades, o que veio a acontecer de fato em fevereiro de 2015.


RtM: O retorno da Serbherus aos palcos ocorreu dia 18 de abril, no Profano Festival III (no Mutantes Bar em Porto Alegre), como foi estar novamente no palco, como vocês se sentiram e como sentiram a reação do público?

Abadom: Durante o tempo que a Serbherus ficou inativa, Mephistopheles e Tormento não abandonaram os palcos pois ambos possuíam suas bandas paralelas, eu por minha vez, segui apenas compondo, escrevendo e criando arranjos, pois independente do futuro que a Serbherus teria eu jamais deixaria (ou irei deixar) de expor minhas ideias através do metal negro. Então dessa forma, retornar aos palcos depois de tantos anos foi talvez diferente para mim do que para meus companheiros de banda. Eu estava ao mesmo tempo empolgado e apreensivo, pois não sabia ao certo a reação que o público teria, pois durante esse tempo muitas coisas mudaram na cena metal do nosso estado, muitas dessas mudanças não me agradam nem um pouco, diga-se de passagem.


Mas referente ao show, o que presenciamos foi uma reação insana do público, isso superou totalmente nossas expectativas, mas o que nos deu ainda mais força para solidificar nosso retorno com certeza foi à presença e o apoio de guerreiros do verdadeiro underground.


RtM: E falando um pouco mais da sonoridade da banda, quais as temáticas que vocês abordam nas letras? Algo que o Metal em geral tem de diferencial, é essa questão de trabalhar sério, desde a arte da capa, sonoridade e as letras, pois o público banger é sabidamente bem informado e exigente, justamente por isso é mais que um estilo musical.

Abadom: Levamos o metal muito a sério, isso automaticamente reflete na seriedade do trabalho, seriedade que vai desde o primeiro acorde criado até o último detalhe da capa de algum disco. Diferente de alguns exemplos, não nos colocamos em um patamar acima do público em geral pelo fato de tocarmos, pois quando não estamos tocando somos parte do público, vamos a shows, compramos e trocamos CDs, lemos entrevistas, ou seja, apoiamos o underground 24 horas por dia. Falando isso, quero mostrar que fazemos parte desse público exigente, esse que quer seriedade e compromisso nos trabalhos undergrounds e isso claro, molda nossa forma de trabalho. Quero deixar claro que nunca fizemos nada para responder as exigências de outros e sim as nossas próprias, pois acreditamos que sendo sinceros em nosso trabalho, conseguiremos transmitir a nossa essência aos verdadeiros apoiadores do underground. O que é nosso foco.


Quanto à temática, mantemos a mesma do início da horda, ideais voltados ao anti-cristianismo, trevas, guerras, caos e destruição. Buscamos sempre dar muita propriedade as letras, se analisarem, as mesmas possuem um forte embasamento histórico, algo indispensável em nosso trabalho.

Enfim, nosso objetivo sempre foi buscar algo que apesar de influenciado por várias bandas, deixe claro a nossa autenticidade e identidade, o que para mim é fundamental para uma banda.


RtM: E quanto as influências ou inspirações de vocês, que bandas você citaria?

Abadom: Os três integrantes da banda possuem uma bagagem musical considerável, dentro do nosso estilo bem como em todas as ramificações do metal, sendo assim, tudo de sincero e autêntico que passou por nós acabou nos influenciando de certa forma, claro, não posso deixar de citar os pilares de tudo, bandas que nos influenciaram inicialmente e ainda nos influenciam e MUITO nos dias atuais, bandas como o Venom, Darkthrone, Mayhem (antigo é óbvio), Bathory, principalmente a fase inicial, e claro, o bom e velho Hellhammer.

RtM: Vocês estão com planos para gravação e lançamento de material inédito? Seria legal regravar algumas faixas da primeira fase da banda e lançar um material bem completo.

Abadom: Com certeza. Podemos dizer que as gravações de materiais para o próximo álbum já foram iniciadas. Esse trabalho irá conter além de músicas novas é claro, alguns sons da fase antiga, como é o caso da faixa “Devotos da Escuridão”. Essa regravação é uma homenagem aos 14 anos de lançamento da nossa primeira demo que carrega o mesmo nome.


RtM: Além do álbum, quais os planos imediatos da Serbherus para o futuro?

Abadom: Estamos com vários planos, mas no momento estamos totalmente focados na gravação do novo álbum, após a conclusão do mesmo, daremos início à divulgação desse material. Não estou aqui descartando a possibilidades de shows, mas no momento essa não é nossa prioridade.

 RtM: E o cenário para as bandas independentes, principalmente, o que melhorou, o que piorou? Quais as principais dificuldades que as bandas encontram?

Abadom: Gostaria de ter uma resposta diferente para essa pergunta, mas infelizmente o que assisto é uma cena muito diferente do que a de tempos atrás, uma cena quase genérica, onde grande parte dos ditos “bangers” escolhem trilhar os caminhos mais fáceis ao invés de batalhar de forma digna a verdadeira batalha, tornando assim o underground algo superficial.


Outro fator que devo salientar é a falta de espaço para o metal extremo, visto que boa parte deles são controlados por pessoas que se encaixam no perfil citado acima, isso acarreta a ascensão de muitas bandas posers, essas enquadradas nesse contexto genérico buscam sempre o mais fácil visando notoriedade e assim se sobressaem sobre as demais. Outro ponto negativo que não posso deixar de citar é o chamado “apadrinhamento”, onde bandas se destacam por fazerem partes das chamadas “panelas”, algo bem presente em nossa cena. Boa parte da culpa dessa situação se deve também a superficialidade de muitos dos que se dizem fãs do metal.  Em outras palavras, vivemos um underground em crise com uma infestação de produtores interesseiros, bandas posers e público superficial.

Por outro lado, quero deixar bem claro que ainda existem sim bandas, produtoras, público banger entre outros, que acreditam no estilo e realmente se esforçam para manter acesa a verdadeira chama do mesmo. Acredito fielmente na vitória do verdadeiro underground, e essa será graças aos guerreiros (a) que nunca deixaram de acreditar na verdadeira essência desse estilo de vida.


RtM: Agradecemos a atenção e deixamos este espaço final para vocês enviarem sua mensagem aos leitores.

Abadom: Quero em nome da Serbherus agradecer a Road to Metal pelo espaço dedicado à nossa horda, bem como agradecer novamente todos que de alguma forma sempre nos apoiaram e apoiam.
Sempre é bom lembrar a importância que possuí um espaço como esse, e apontar também que são atitudes desse cunho que mantêm vivo o underground. A Road to Metal tem nosso total apoio e admiração.

Abaixo deixarei nosso contato para quem quiser conhecer mais nosso trabalho ou mesmo trocar ideias ou materiais.

Força e Honra ao Underground Nacional!!!


Entrevista por: Carlos Garcia e Deisi Wolff
Revisão: Deisi Wolff/Renato Sanson

Fotos: Mony Ventura Fotografias

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