sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Cobertura de Show: Golpe de Estado (23/10/2016 – Clash Club – SP)



Definir o que o Golpe de Estado representa ao Rock nacional é algo simplório e certeiro: "Lenda". A banda, que já perdura 30 anos de atividade, conseguiu unir diversos gêneros do Rock em uma só música, linkando os principais meios do Rock com o Heavy Metal, Punk Rock e até New Wave, circulando sempre na sua principal proposta que é o Hard Rock cantado em português, retratando sobre a urbanização e a metrópole de São Paulo nas suas letras.

Após superar dois anos da perda do saudoso guitarrista Hélcio Aguirra, a banda celebrou os seus 30 anos de carreira com um show especial e cheio de convidados, que entre eles, foi o tão aguardado reencontro do vocalista Catalau após 17 anos.

Uma fila imensa de fãs já tomava conta antes de abrir as portas da Clash Club. Os ingressos, com alguns meses de divulgação, já estavam praticamente esgotados. Afinal, pra quem é fã mais recente da banda, seria uma oportunidade (até então) única, ainda mais se tratando da participação da voz original do Golpe. E às 18h 30 em ponto, o público se adentrava dentro da casa aguardando ansiosamente pelo inicio show, programado para começar às 19h 30. E olha... tinha certeza que a casa prometia ser cheia, mas tinha momentos que não havia mais espaço pra tanta gente, tanto pista quanto camarote, que estavam completamente dominados.


Agora é Hora: Golpe de Estado no Palco!

Um pouquinho antes do quarteto subir ao palco pra entrar em ação, foi mostrado no telão, ao fundo, depoimentos do pessoal do fan-club, que acompanharam a trajetória da banda desde o começo, incluindo também cenas de shows raros. E aos solos e riffs de Hélcio Aguirra que Rogério Fernandes (vocal), Marcello Schevano (guitarra), Nelson Brito (baixo) e Rob Pontes (bateria), começaram o show, às 19h50, com o clássico “Nem Policia, Nem Bandido”, presente no disco de mesmo nome, tendo a capa do primeiro disco estampada no telão.


“Underground”, do disco homônimo, avivou, aos poucos, o quanto aquela noite seria especial. Além de o Rogério Fernandes mostrar excelência na sua voz, o mesmo conseguia interagir facilmente com o público através da sua carência, pedindo ao público mandar ver em cada verso da música, seguindo com “Feira do Rato”, do mais recente disco, “Direto do Fronte” (2012), ficando mais pesada ao vivo. E antes de prosseguir com ela, Rogério saudou a todos com uma boa noite, que num momento tão especial, celebrando 30 anos, entrou na casa se tremendo todo, porque é 30 anos de Golpe, resgatando e trazendo o Catalau pra fazer um som com a banda de novo.


Rogério Fernandes Relembra Sua Primeira Passagem no Golpe, e o Grande Hélcio.

Com um jeitão pra lá de bem humorado e jubiloso, Nelson Brito deu seu boa noite pra todos também, avançado de outro clássico pra balançar a casa toda com “Quantas Vão”. “Uma sorte na vida, foi ter sido convidado, pelo Hélcio Aguirra, a ser vocalista do Golpe de Estado. E graças a ele, eu passei a ser reconhecido no Rock do Brasil. Agradeço a Deus e ao Hélcio, que com certeza está muito feliz de ver a gente, e poder fazer parte da história do Golpe de Estado”, foram essas declarações que o Rogério Fernandes fez em homenagem ao eterno guitarrista da banda antes de progredir com “Cobra Criada”, do álbum “Forçando a Barra” (1988).


Gritos da galera - “Catalau! Catalau!” - já ecoavam em alguns cantos, e Rogério avisou que logo ele já estaria no palco, além de outros dois convidados da noite: o lendário guitarrista Luiz Carlini e o ex-goleiro Ronaldo Giovaneli. Relembrando da sua trajetória no Golpe, Rogério recordou quando se juntou com a banda para gravar duas músicas inéditas para o disco ao vivo de 10 anos do grupo. E, claro, dava a entender que a próxima seria “Todo Mundo Tem Um Lado Bicho”.

As próximas quatro músicas teve Mateus Schanoski, da banda Tomada, assumindo os teclados, foram elas “Paixão”, “Não é Hora” (relembrando os tempos da 97 FM, do Jota Erre, coordenando o Rock lá em cima com o Hélcio), “Zumbi”, “Fumaça” e de boa parte do set. O mais legal, principalmente nas três primeiras, é ver como o guitarrista Marcello Schevano (Carro Bomba) se encaixou perfeitamente a banda, sendo a pessoa ideal pra substituir o Hélcio Aguirra, pela semelhança de escola e timbres de guitarra.  



É Chegada a Hora! Catalau Sobe ao Palco com o Golpe Novamente

O primeiro convidado da noite a subir ao palco foi o nada menos que o lendário guitarrista Luiz Carlini, que pôs sua ‘blues-guitar’ na “Moondog”.  E o momento mais aguardado da noite, pra matar ansiedade de todos, enfim, chegou. “PODEM CHAMAR!”, foi desse jeito que o Rogério Fernandes pediu que chamassem o vocalista Catalau. E o público foi à loucura ao vê-lo no palco junto com o Golpe de Estado novamente. “Que time é esse hein! Somos privilegiados”, apontou Catalau. E a partir de “Olhos de Guerra”, com o Carlini puxando o solo já numa guitarra convencional, que a emoção tomou conta de tudo, resultando no momento mais épico da noite. Chegava a arrepiar de ver todos cantando e indo às lagrimas ao ver aquilo acontecendo.


Dali em diante, o show prometia ser de pura histeria e descontração, que era notável pela graça e simpatia do Catalau, que toda hora brincava ou tirava onda, perguntando da seguinte forma: “Está todo mundo tranquilo? Sossegado no meio do perigo? A parada aqui em baixo não é fácil!Planeta terra é muito louco! Às vezes tem que levar o corpo pra passear, comer e tomar banho. Eu me vejo no espelho, fico olhandoo cabelo, dente e esses negócios... Mas a gente continua e faz uma caminhada longa numa curta distância”. Aproveitando tudo, Catalau saudou o baterista Renato Pelado (ex-Charlie Brown Jr.), que estava na plateia. E sob as últimas palavras do vocalista,  volta o Rogério no palco, pra dar continuidade com “Real Valor”. E foi surpreendente ver a postura do Catalau (tirando a blusa energicamente) após solo do Schevano, que pra quem não sabe, desde os anos 90, ele virou pastor evangélico da igreja Bola de Neve.




A Hora da Despedida, ou Quem Sabe um "Até Breve"... E um Goleiro Reforçando o Time!

O set continuou com “Terra de Ninguém” (com Catalau pedindo pra apagar as luzes e que deixassem só a iluminação do celular para poder filmar todos ao final dela), e “Velha Mistura”. “Caso Sério” também deixou bastante gente eufórica, tendo a presença dos dois filhos do Catalau no camarote. E era engraçado ver ele e o Nelson fazendo ironias com o seu celular, lembrando que isso não existia na época. E por fim, a sua participação se findou com “Mal Social”, com direito a coros de “Volta Catalau”


Chegando ao fim da apresentação, Nelson Brito chamou uma pessoa que deu muitas alegrias pra ele, e quem faltava fazer participação era o ex-goleiro Ronaldo Giovaneli, que estava emocionado, dizendo que o mês que vem irá fazer 49 anos, mas que se sentia com 16. “O Rock faz bem por isso, alma limpa. O Rock and Roll não pode parar nunca, pois estou me sentindo um garotinho”, completando antes de dar inicio pra “Noite de Balada”. E concluindo a noite magistral, o set foi fechado com “Libertação Feminina”.
Noite mais do que inesquecível, que sem sombra de dúvidas, fez com que os fãs saíssem felizes e com uma esperança de isso ocorrer mais vezes. E se depender apenas disso, da vontade dos fãs, com certeza não vai demorar muito.

Texto: Gabriel Arruda
Revisão/Edição: Carlos Garcia
Fotos: Ubiratã Ventura

Set-List
Nem Polícia, Nem Bandido
Underground

Feira Do Rato

Quantas Vão

Cobra Criada

Todo Mundo Tem Um Lado Bicho
Paixão
Não É Hora
Zumbi
Moondog
Olhos De Guerra
Real Valor
Terra De Ninguém
Velha Mistura
Caso Sério
Mal Social 
Noite De Balada
Libertação Feminina




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