sábado, 13 de maio de 2017

Ayreon: "The Source" - Um "Recomeço" Brilhante



Sempre que algum trabalho novo deste genial holandês, Arjen Anthony Lucassen, começa a ser moldado, é gerada uma expectativa grande, principalmente quando se trata do seu projeto mais famoso e mais querido pelos fãs, a Opera Rock AYREON.

O garoto que começou fazendo playback na escola, imitando ídolos como David Bowie e Alice Cooper, descobriu o que queria para si quando foi apresentado ao som do Deep Purple, e imediatamente tornou-se um fã de Ritchie Blackmore. Em 1994, iniciou sua carreira solo, e, indo totalmente contra a maré, compôs o primeiro álbum do Ayreon, "The Final Experiment" (ele brinca que achava que seria a "experiência final" mesmo.), uma Opera Rock em plena era em que o mercado musical atravessava profundas transformações, a era do "Grunge", de bandas como Nirvana, Alice In Chains, Pearl Jam e etc, e por conta disso, o trabalho foi recusado por várias gravadoras, até que a Transmission Records lançou o álbum, e a aceitação e vendas foram aos poucos aumentando, sendo um grande êxito, tanto que a gravadora logo pediu um novo álbum.


A partir daí, é mais história, e vamos falar do presente, que é o álbum duplo "The Source" (A Origem), que em seu título traz vários significados, ligados à parte lírica, onde Arjen retoma a ficção científica,  a origem da "Forever Race", a própria origem da humanidade e do Ayreon, com vários elementos ligando aos álbuns anteriores, como a substância "Liquid Eternity", utilizada pelos Alphas para sobrevir embaixo d'água, além disso, Arjen também viu como um recomeço, pois inicia o trabalho com uma nova gravadora a partir deste álbum, a "Mascot Label Group". 

Para explanar aqui em poucas palavras, a  história, que é dividida em quatro crônicas, conta como o planeta Alpha foi destruído, por conta das convicções de um super computador criado por eles, "The Frame", para descobrir a causa do planeta estar morrendo, então "The Frame" chega a conclusão que o problema é o povo do planeta, e que este deve ser erradicado. Frente a um iminente apocalipse, alguns poucos escolhidos são destinados a procurarem um novo planeta para que a espécie sobrevivesse, e o destino é um planeta formado por água, onde vão tentar recomeçar, com ajuda da substância chamada "Liquid Eternity" (ou "The Source"), a qual lhes permitiria sobreviver embaixo da água e comunicar-se telepaticamente.

Em 2016, quando revelou que o novo trabalho seria um álbum do Ayreon, já foi gerando expectativas, que aumentaram com os "jogos" de adivinhação, onde Arjen postava em sua página do Facebook teasers das músicas, para que os fãs adivinhassem qual ou quais cantores estavam nas referidas.


Para este álbum, Arjen reuniu um maravilhoso time de vocalistas, contando a seu favor o fato que todos já eram amigos ou no mínimo familiarizados com o seu trabalho, e a primeira faixa apresentada, "The Day That The World Breaks Down", causou impacto extremamente positivo. Uma produção magnifica, que introduz a história, trazendo os 11 vocalistas principais, em uma música que traz todas aquelas nuances características do Ayreon. Fantásticos vocais, grandes teclados, peso, melodia, mesclando o Progressivo, Classic Rock e Heavy/Hard. 

É um álbum mais típico e, digamos, "seguro", pois "The Theory of Everything" foi um trabalho que dificilmente pode ser ouvido parcialmente, e não há uso de refrãos, não seguindo da maneira mais tradicional, já em "The Source", mesmo que siga uma história com início, meio e fim, e as faixas vão se completando, é possível a audição pura e simples, não sendo necessário ouvir na ordem. Mas o álbum é tão bom que fica difícil querer pular músicas! hahah! Com certeza vai ser complicado tirar do playlist.

E todas essas nuances que conhecemos do projeto, estão em "The Source", uma produção magnífica, grandes músicos, e sonoridade que transita pelas influências do 70 e 80 que Arjen nunca nega, mas é um cara sempre aberto a coisas novas, mas o certo é que seu trabalho possui grande personalidade. Então, temos muita música excelente, viajando por partes progressivas, Hard Rock, Heavy e Folk. Você vai notar que é um álbum mais pesado, bastante orientado pela guitarra, mas temos também muitos teclados e aquelas lindas partes mais folk e viajantes.


Podemos sentir o peso já na citada faixa de abertura, e as nuances progressivas e folk em "Sea of Machines", e algo mais experimental na "Everybody Dies", com sua melodias criativas, algo de Queen, e um certo humor negro, pois as melodias "felizes" se contrastam com a letra (Arjen sempre cita o grupo de humoristas Monty Phython, e gosta de utilizar esse tipo de contraste, como em seu álbum solo, na música "Dr. Slumber's Eternity Home"). A história vai se desenvolvendo e as músicas vão trazendo os climas, em performances excelentes dos vocalistas, e em músicas que a cada audição do álbum fica difocil destacar, temos o peso, melodia e cadência de "Star of Sirrah", para em sguida a beleza do clima folk de "All That Was", que traz um certo ar de melancolia, mas também de esperança. Floor e Simone estão magistrais nas suas participações.

Passamos também por momentos que remetem as influências de Blackmore, como a rápida "Run! Apocalipse! Run!", que traz um ar bem Rainbow/Purple, porém com mais peso, aliás, como falei, é um trabalho bem orientado para a guitarra, mais pesado. E o que dizer da tensão dessa intro com os cellos e violinos em "Condemned to Live"? e os fantásticos coros de "Aquatic Race" e "Journey to Forever"?, esta última aliás, remete ao outro projeto de Arjen, o Star One, mais ainda porque há Russel Allen nela, porém há melodias folk. Bom, Arjen mesmo achou que poderia ser, no início, um álbum do Star One, mas depois com a diversidade das demais ideias que foram surgindo, percebeu que um novo Ayreon nascia.


Temos momentos em que a música beira ao Power Metal Melódico, como em "Planet Y is Alive", principalmente nos trechos em que Hansi Kürsch canta,  e logo em seguida a atmosfera belíssima de "The Source Will Flow", com aquele teclado com efeito como se estivesse embaixo da água, vocais intensos e carregados de emoção, além de dois solos magníficos, o de teclado, por Mark Kelly (do Marillion) e o de guitarra por Mark Coenen (Sun Caged). É fantástico como Arjen encaixa as peças, e também tira o melhor de cada um, e o pessoal faz com muito gosto, muito feeling, e ele segue mostrando que é um produtor acima da média.

Com todas essas nuances, encaixadas de forma genial, nos proporciona uma audição em que dificilmente você vai achar o álbum cansativo, é um álbum que vai ser celebrado por muito tempo pelos fãs, que com certeza seguirão aumentando, pois uma mente brilhante como Arjen Lucassen merece ser ouvido, um gênio do Rock Pesado/Progressivo contemporâneo. Não tem muito mais a dizer, "The Source" é simplesmente maravilhoso, o que eu vier mais a falar vai se tornar clichê, ou até piegas.


Texto: Carlos Garcia

Artista/Banda: Ayreon
Álbum: The Source
Estilo: Rock Opera/Progressive Rock/Classic Rock
País: Holanda
Selo: Mascot Label Group (lançamento nacional via Hellion Records)

Confira Line-up e participações em cada faixa:

Joost van den Broek (ex-After Forever) – grand piano and electric piano
Mark Kelly (Marillion) – synthesizer solo[14] on "The Dream Dissolves"
Maaike Peterse (Kingfisher Sky) – cello
Paul Gilbert (Mr. Big, Racer X) – guitar solo[15] on "Star of Sirrah"
Guthrie Govan (The Aristocrats, ex-Asia) – guitar solo[16] on "Planet Y Is Alive!"
Marcel Coenen (Sun Caged) – guitar solo[17] on "The Dream Dissolves"
Ed Warby – drums
Ben Mathot – violin
Jeroen Goossens (ex-Pater Moeskroen) – flute, wind instruments
Arjen Anthony Lucassen – electric and acoustic guitars, bass guitar, mandolin, synthesizers, Hammond, Solina Strings, all other instruments

   

Chronicle 1: The 'Frame
1. "The Day That the World Breaks Down" (James LaBrie, Tommy Karevik, Tommy Rogers, Simone Simons, Nils K. Rue, Tobias Sammet, Hansi Kürsch, Mike Mills, Russell Allen, Michael Eriksen, Floor Jansen) 12:31
2. "Sea of Machines"  (Rogers, Eriksen, Rue, Simons, Sammet, Allen) 5:08
3. "Everybody Dies" (Mills, Karevik, Rogers, Allen, Kürsch, Eriksen, Sammet, Jansen) 4:42
Tempo Total: 22:21

Chronicle 2: The Aligning of the Ten
4. "Star of Sirrah"  (LaBrie, Allen, Kürsch, Sammet, Rue, Rogers, Eriksen, Jansen) 7:03
5. "All That Was" (Simons, Jansen, LaBrie, Eriksen) 3:36
6. "Run! Apocalypse! Run!" (Karevik, Kürsch, Mills, Allen, Jansen, Sammet, Rue, LaBrie) 4:52
7. "Condemned to Live" (LaBrie, Rogers, Eriksen, Simons, Karevik, Jansen) 6:14
Tempo Total: 21:45

Chronicle 3: The Transmigration
1. "Aquatic Race" (LaBrie, Sammet, Karevik, Eriksen, Allen, Simons, Rogers, Jansen, Kürsch) 6:46
2. "The Dream Dissolves" (Simons, Jansen, Eriksen, Rue) 6:11
3. "Deathcry of a Race" (Allen, Sammet, Jansen, Karevik, Zaher Zorgati, Simons) 4:43
4. "Into the Ocean" (Allen, Mills, Eriksen, Kürsch, Sammet, Karevik, Rue) 4:53
Tempo Total: 22:33

Chronicle 4: The Rebirth
5. "Bay of Dreams" (LaBrie, Rogers, Mills, Eriksen, Rue) 4:24
6. "Planet Y Is Alive!" (Karevik, Allen, Kürsch, Mills, Sammet, Jansen) 6:02
7. "The Source Will Flow"  (Rogers, LaBrie, Simons) 4:13
8. "Journey to Forever" (Sammet, Eriksen, Kürsch) 3:19
9. "The Human Compulsion" (Simons, LaBrie, Rogers, Eriksen, Allen, Rue, Sammet, Kürsch, Karevik, Jansen) 2:15
10. "March of the Machines" (Mills) 1:40
Tempo Total: 21:53

   

   

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