segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Resenha de Show - Cavalera Conspiracy: Pandemonium em Porto Alegre/RS!


Como se fosse possível voltar no tempo, a presença dos irmãos Cavalera foi praticamente uma máquina que nos conduziu à uma fenda temporal no último dia 14/09/2014. Óbvio que é inegável a presença do espírito do Cavalera Conspiracy, porém o setlist veio com recheio de requintes funéreos do Sepultura. Há que se respeitar a formação atual do Sepultura, mas a Abstratti nos trouxe de presente o gene do mal que originou o Sepultura no passado.


Bom, feito o recorte no tempo, voltamos ao domingo do dia 14/09 quando o Cavalera Conspiracy pisou pela primeira vez em Porto Alegre no Bar Opinião. Clima tenso e indeciso, misto do trio calor – chuva – frio e a noite comportou-se perfeitamente como deveria para receber Max, Iggor e sua brigada de combate. Tony Campos (que substitui Nate Newton na turnê do CC), no auge dos 41 anos, compassou muito bem a noitada empunhando seu “five-string signature Tremor bass”. Se tivesse carteira de trabalho, nela constariam assinaturas da Static – x, Asesino, Prong, Soufly, Possossed e outros. Bom muita coisa se explica depois dessa apresentação.


Na guitarra o Marc Rizzo segurou direitinho o estirão ao lado de Max, e que energia incrível e contagiante desse guri, ele não sossegou um segundo sequer enquanto esteve no palco. Sempre agitado de um lado para outro e algumas vezes levantando a guitarra em posição vertical, como em homenagem ao “velho” Angus Young. Marc andou colecionando experiências em nomes pesados do Metal até chegar ao Cavalera Conspiracy (Ill Niño e Soufly são alguns dos nomes), por isso tamanha presença de palco, destreza e controle absoluto do que acontece entre as cordas.

Do lado de fora a pergunta era uma só:

Quem viria primeiro, a chuva ou a abertura dos portões?

Às 19h30m os portões abriram e o público começou a assumir os lugares, dessa vez a chuva foi vencida. Mas era providente guardar o sorriso no canto da boca para outra hora, pois a revanche veio mais cedo do que se imaginava. Na saída a chuva teve sua recompensa e banhou a horda negra que deixava o Bar Opinião. Tinham acabado de ver os irmãos Cavalera e companhia, meu amigo. Poderia chover canivetes abertos que mal notariam a diferença.


Mas antes disso tivemos a banda paulista Capadocia para aquecer os motores dos bangers afoitos por música pesada. E não demora muito para o quarteto invadir o palco e despejar seu Metal com influencias tribais, aliado ao Groove e Thrash Metal. É fato que quando se abre um show para um grande nome a resposta do público é mais amena, com o Capadocia não foi diferente, mas os presentes gostaram do que viram, sempre agitando ao final de cada música.


A turnê ao lado dos irmãos Cavalera antecede o lançamento de seu primeiro disco “Leader’s Speech”, onde foi possível notar muita destreza e cuidado com as composições. Uma banda relativamente nova (formada em 2011), mas com músicos extremamente experientes, que aos poucos foram caindo nas graças do público, e depois de terem tocado "Blackened" do Metallica o jogo estava ganho. Encerram sua turnê com chave de Metal, tocando em um dos templos do Rock/Metal no Brasil, além de terem agradado em muito os thrashers que os acompanhavam.

Em uma troca rápida de palco, não demora para Iggor Cavalera assumir seu posto em seu kit de bateria para desgraceira descontrolada iniciar já na intro de “Inflikted”. Max estava visualmente empolgado, sacudia o braço da guitarra para cima e pra baixo após ter entrado aos pulos no palco. O “velho” Max ainda é o mesmo Mad Max.  “Inflikted, Show no mercy Muthafuckin' wicked...” praticamente foi um pedido à pancadaria, pois seja feita vossa vontade! Sem muito tempo para respirar a “Conspiração” emenda num ritmo crescente absurdo e na sequencia vem a “Warlord” e “Torture”, ambas do disco “Blunt Force Trauma” (2011).


Iggor parecia um titan devastando a bateria, interessante que no dia 30 de setembro, neste mesmo palco, o Ex-Slayer Dave Lombardo havia externado a admiração pelo talento de Iggor quando perguntado sobre gosto por músicos brasileiros.

Seguindo a marcha do apocalipse, eis o começo dos momentos mais esperados, e sem tempo de respirar um medley matador de “Beneath The Remains/Desperate Cry/Troops Of Doom”, fazendo o circle pit pegar fogo de vez, matando a ansiedade de quem aguardava ver os irmãos Cavalera tocando junto os clássicos do Sepultura. Em relação ao show do Soulfly ano passado no mesmo local (praticamente a mesma banda, mudando apenas o baterista) Max estava mais a vontade, interagindo muito mais, e não aparentava o cansaço da turnê, sem contar à banda que o acompanha, Tony e Marc são uns monstros em palco, interagindo a todo instante.


O “The Monster” Iggor Cavalera dispensa qualquer comentário, “cavalice” o que podemos dizer, é impressionante como esmurra seu kit, além da técnica e precisão, roubando a atenção por muitos momentos. Mostrando que o novo material do Cavalera se encaixa perfeitamente com os clássicos do Sepultura, “Sanctuary” veio pra transformar o Opinião em um verdadeiro caldeirão, com todos cantando juntos e o circle pit em chamas. O som da casa estava muito bom, a voz de Max estava clara, e os demais instrumentos transbordando vida e sem falhas.

Como estávamos diante de dois dos músicos mais influentes do Metal nacional é claro que todos esperavam pelos clássicos, e “Wasting Way” do Nailbomb da às caras e logo em seguida "Babylonian Pandemonium" é apresentada ao público, música esta que estará no novo disco do Cavalera "Pandemonium" que ainda não foi lançado, com Max fazendo o público cantar com ele seu refrão ao final da mesma.


Sem tempo de respirar um dos momentos mais aguardados pelos banger o medley “Arise” e “Dead Embryonic Cells”, fazendo a alegria dos fãs old school, muitos olhando para o palco com olhos marejados.
Após “Killing Inside” que ao vivo não funciona tão bem, para arrematar a plenos pulmões Refuse/Resist" e "Territory", fazendo o Opinião tremer. Um dos momentos mais legais do show foi quando Max chamou seu enteado ao palco Ritchie Cavalera para cantar junto "Black Ark", do álbum "Inflikted". Chama atenção a presença de palco forte de Ritchie e seu vocal, que soa agressivo e potente.


Sem muito papo mais uma do novo trabalho é apresentada "Bonzai Kamikaze" um verdadeiro murro sonoro, realmente mostrando que sim, o novo trabalho será o mais agressivo do Cavalera Conspiracy. Finalizando a primeira parte do show “Inner Self”, certamente um hino para o Metal nacional, impossível não bater cabeça e cantar junto e a massacrante “Attitude” lavando a alma de quem queria ouvir os clássicos com os irmãos novamente.


Após uma breve saída do palco, Max e Iggor retornam e fazem um pequeno “jam” com “Walk” do Pantera, para em seguida “Orgasmatron” do Motorhead entrar no baile e fazer a galera enlouquecer. Sem perder o pique "Roots Bloody Roots" fecha a noite, e deixa todos extasiados com o que presenciavam, e ao mesmo tempo uma certa tristeza, pois aquela seria a última música do show. Mas é fato que tivemos uma noite histórica, que irá demorar muito tempo para sair da cabeça dos fãs. Na nossa humilde opinião, show do ano!

Cobertura por: Uillian Vargas/Renato Sanson
Fotos: Uillian Vargas
Revisão/edição: Renato Sanson 


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