quinta-feira, 4 de maio de 2017

Entrevista - Attractha: Metal Destemido!


Formada em 2007, tendo um breve hiato para voltar reformulada em 2012, o grupo paulista ATTRACTHA surgiu com a intenção de fazer um Metal livre de rótulos, imprimindo personalidade, reunindo as influências de cada integrante.  O nome da banda foi  inspirado em uma santa da Irlanda, ligada á igreja católica e que possuía uma estalagem na beira da estrada,  reza a lenda que todo soldado ferido que passava por lá saía curado. (English Version)

Após um bem recebido EP, o grupo passa por mais alterações no line-up, e finalmente, sob a produção de Edu Falaschi (ex- Angra, Almah), o grupo então entra em estúdio no primeiro semestre de 2016, a fim de registrar o primeiro álbum completo, resultando em "No Fear to Face What's Buried Inside You". O álbum, lançado em parceria com os selos Dunna Records e Shinigami Records, foi mixado em Los Angeles por Damien Rainaud, recebeu excelente críticas, e traz uma sonoridade mais encorpada e pesada, aliada as influências mais tradicionais.


Para falar mais sobre esse álbum e outras questões, conversamos com o fundador Humberto Zambrin (Bateria), confira a seguir:


RtM: Saudações pessoal, antes de mais nada, parabéns pelo excelente trabalho, que além da parte musical, apresenta uma arte gráfica linda!
Humberto Zambrin: Opa, obrigado!! Fico feliz em saber que gostaram!

RtM: Bom, falando nessa arte gráfica, gostaria que vocês falassem um pouco sobre ela, e também a respeito desse conceito apresentado no título do álbum.
Humberto: Bom, a arte nasceu da complexidade do álbum e etc…quando estávamos escrevendo as letras, percebi que havia uma ligação entre elas, um senso comum, que são os sentimentos mais profundos que temos dentro de nós…daí veio o título do álbum! A partir dai terminei de escrever o que faltava das letras e vi que poderia trabalhar algo próximo a um álbum conceitual. Mas com tantos álbuns conceituais ai, resolvemos pensar numa forma mais ampla, com a arte incluída no contexto. Dai eu tive a ideia, fiz os rascunhos, mostrei pro pessoal da banda, eles curtiram, e eu fui desenvolver isso com o João Duarte. A arte seria muito complexa pra caber no formato de cd, então busquei, tanto nas capas quanto no encarte o formato do vinil, que nos dava muito mais possibilidades de detalhes. O resto é a obra em si, o digipack, suas opções e tudo mais. Quero encorajar as pessoas a verem e pegarem o álbum em suas mãos…olhar os desenhos, detalhes e mensagens escondidas ali!

"Quero encorajar as pessoas a verem e pegarem o álbum em suas mãos…olhar os desenhos, detalhes e mensagens escondidas ali!"
RtM: Ouvindo o álbum, senti bastante personalidade, sendo o Attractha uma banda que desde seu início, lá em 2007, tinha como meta fazer Metal livre de rótulos.  Como você vê essa proposta hoje em dia? Vocês sentem que conseguiram atingir o que buscavam? Principalmente agora depois do full lenght já com um certo tempo de lançamento.
Humberto: Com certeza!! Estamos muito felizes com o que este album traz! Tudo está ali…do Hard Rock ao Thrash Metal, refrãos, riffs, linhas de bateria e baixo, solos…tudo é independente de rótulos, de tendências e outras travas. Pra nós soa tão livre quanto queríamos que soasse.

RtM: E que bandas você citaria como inspiração, que possuem essa personalidade livre de rótulos que o Attractha colocou como meta?
Humberto: É difícil falar uma banda que esteja no mesmo ponto, mas fomos muito influenciados por Adrenaline Mob, Stone Sour, Five Finger Death Punch…isso como coletivo, como banda…porém, individualmente as influencias são muito peculiares e distintas.

RtM: As mudanças de formação atrapalharam um pouco os planos da banda, que pretendia ter lançado o primeiro trabalho já em 2015. Mas por outro lado, você acredita que talvez isso tenha contribuído para somar ainda mais experiência e influenciando diretamente no resultado final?
Humberto: Com a máxima e absoluta certeza. Não só pela troca de vocalistas, mas também pelo tempo…nesses curto espaço de tempo a banda amadureceu muito, crescemos como músicos e ficamos ainda mais entrosados em todos os aspectos. Ter trabalhado continuamente no álbum também ajudou muito, enfim, cada tempo adicional, soma experiência no processo…agora entendo porque o Metallica fica 5 anos gravando um CD!!! (hahahahaha).


RtM: Gostaria que você falasse também sobre a escolha de Edu Falaschi para a produção, e também de Damien Rainaud para a mixagem e masterização.
Humberto: Em 2014 e 2015 eu conheci o trabalho do Almah e gostei muito…sempre achei que era uma banda tão diversificada quanto o que queríamos fazer, porém muito mais técnica. Lendo e assistindo entrevistas, descobri que o Edu era o responsável por 99% das composições, arranjos e melodias e me rendi ao talento dele. Quando achávamos que era hora de começar a trabalhar focadamente no álbum, eu sugeri que contratássemos ele para nos produzir, já q era um dos serviços que ele vende através do site dele. Marcamos de nos reunir, discutimos os pontos e fechamos a parceria. Já a Damien veio depois. Um dia, na casa do Edu, ele mostrou uma música finalizada do que viria a ser o E.V.O do Almah. Eu disse que gostava mais do som do Unfold e ele rindo disse q era o mesmo cara, um “gringo” que havia feito as mixes e masters do Unfold e do que seria o E.V.O e eu achei fantástico. Dai ele passou o contato e fomos negociando com o Damien. Fechamos com ele no dia que começamos a gravação de bateria! Foi uma indicação acuradíssima!

RtM: Além da personalidade, gostaria de elogiar também o quanto vocês conseguiram dosar muito bem o peso, um Metal contemporâneo, mas com melodia e nuances mais tradicionais aqui e ali, e já na abertura com “Bleeding in Silence”, temos um bom exemplo.
Humberto: Ela foi a última música composta pro álbum! Nos 47 min do 2º tempo! Kkkkkk Hoje é uma das mais pedidas e elogiadas nos shows…a prova de que transpiração vale tanto quanto inspiração!

RtM: “Move on” é uma que gostei bastante também, inclusive a parte lírica, que remete de imediato ao título do álbum, falando sobre seguir em frente, de evoluir com relação a si mesmo, encarar os medos. Gostaria que você falasse um pouco mais sobre ela.
Humberto: A "Move On" foi composta em 2015…foi uma das primeiras músicas que fizemos pra esse álbum. Boa parte da letra foi inspirada no Ayrton Senna e no Anderson Silva, quando fraturou a perna. Tanto que a ilustração do encarte que simboliza a Move On é a de um atleta. Os atletas tem esse espirito latente de auto superação, não importando a adversidade. Acho q isso falta nas pessoas em geral, e é disso que a música fala. Gosto muito dela, principalmente de tocar…acho q é um dos arranjos de bateria mais complexos do álbum.

 "Os atletas tem esse espirito latente de auto superação, não importando a adversidade. Acho q isso falta nas pessoas em geral."
RtM: Gostaria que você falasse mais sobre a No More Lies, também é uma das que eu aponto como destaque, daquelas que ouvimos e já dá vontade de ouvir de novo. Melodiosa, estilo Power Ballad.
Humberto: A "No More Lies" nasceu de uma inspiração inicial em Led…só que quando o Ricardo trouxe a música e nós começamos a colocar nossas influências, ela ficou muito diferente do que era. Ganhou mais peso do que uma power ballad normal, eu acho. A letra fala de assumir sentimentos mais profundos como amor, que às vezes pode ser difícil, dependendo da pessoa. Convidei uma amiga cantora talentosíssima, a Maitê Gondim para fazer uma participação especial nos vocais, criando um clima interessante.

RtM: Grande destaque para mim, Victorioustambém sintetiza bem o som da banda, Metal pesado, contemporâneo, refrão forte e melodias marcantes, e também tem uma bela mensagem: A cura está dentro de você, só derrote a dor, nós seremos vitoriosos.
Humberto: Sim, essa é nossa homenagem para as pessoas que superaram o câncer e tomara, uma inspiração para aqueles que estão enfrentando!!

RtM: Mesmo com a redução da venda de CDs, muitas bandas seguem investindo, e vocês, como uma banda nova, mesmo que talvez seja um investimento de, digamos, maior risco atualmente, apresentaram um material magnífico em termos gráficos e sonoros. Vocês acreditam que, mesmo com uma certa crise, se não houver um investimento em um trabalho de alto nível, mais difícil ainda seria. Como vocês avaliaram essas questões?
Humberto: Ah, isso com certeza! Hoje, a aquisição de CD’s é algo que fica relegado ao último plano nos investimentos dos jovens em geral. Para podermos recuperar parte do dinheiro que foi investido, a melhor solução é ter o que chamamos de produto “Premium”, algo que realmente as pessoas queiram ter…e a única forma de se fazer isso é apresentando um produto com as melhores musicas que pudemos fazer, com a melhor gravação que pudemos pagar e a melhor arte que foi possível criar pra isso.No nosso caso, por ser um primeiro álbum, não conseguimos pensar num lançamento puramente virtual. Precisávamos de algo concreto nas mãos para mostrar para as pessoas, então apesar de “n" análises, optamos pelo CD físico!


RtM: E como vocês estão sentindo a questão de retorno financeiro e vendas do álbum,  agora aqui no País com essa certa instabilidade.
Humberto: Está rolando, bem devagar, mas está rolando.As vendas pelo site são boas, mas a maior quantidade de CD’s é vendida mesmo nos shows! Não só CD’s, mas o merchan em geral. É nossa maior fonte de retorno, sem sombras de dúvidas!

RtM: Estes dias comentando com alguns outros jornalistas, surgiu a questão que, com a aposentadoria, ou iminência dela, de várias das grandes bandas ou das mais tradicionais, poderia ser um fator positivo, fazendo com que o  público quem sabe volte mais a atenção aos novos nomes. O que você pensa a respeito?
Humberto: Eu discordo parcialmente. Se pensarmos num cenário mundial e de “mainstream” isso é válido, mas se você se voltar ao mercado Brasileiro ou ao underground, eu realmente não concordo. Hoje, no Brasil, só temos nas grandes arenas espaço para os dinossauros e com a aposentadoria das grandes bandas, em “arenas” temos uma grande tendência a vermos somente artistas do mainstream pop, que é um dos poucos nichos onde a indústria fonográfica ainda faz dinheiro. Existe renovação no pop mainstream, mas não no Metal. Tanto que muitas bandas antigas voltaram a ativa para pegar um pouco desse mercado.

RtM: Como você vê o futuro para as bandas de Metal?
Humberto: Para o Metal, o futuro está nos grandes festivais, combinando públicos diferentes dentro do estilo, para atrair grandes quantidades e ter retorno do investimento necessário para um show de arena. Já o underground, está fadado ao nível que está. Na falta de investimento em larga escala das gravadoras, as bandas underground podem até lançar bons álbuns e excursionar bastante, como algumas bandas tem feito, mas sempre estarão fadadas ao circuito menos glamouroso de casas de shows. Lembrem-se sempre que, mesmo no Metal, quem colocou grandes nomes lá onde estão, como Kiss, Iron Maiden, Metallica, AC DC, Black Sabbath e Ozzy (pra citar alguns que ainda podem encher - não lotar - estádios sozinhos) foram as gravadoras. Sejam gravadoras que cresceram junto com os artistas, ou as que foram compradas por gravadoras maiores…enfim, são várias teorias e só quem viver, verá!

"Para o Metal, o futuro está nos grandes festivais, combinando públicos diferentes dentro do estilo" 
RtM: E quanto à distribuição e divulgação no exterior? Quais as principais dificuldades que vocês sentem para atingir um mercado mais amplo?
Humberto: Hoje o limitante maior é a disponibilidade de capital para investir nisso. Mesmo quando tem-se gravadoras fora que se propõem lançar o material, em geral elas são pequenas e não tem condições de dar um suporte maior. Algumas bandas daqui, finalmente estão conseguindo isso, após 10 a 12 anos de trabalho, mas o limitante de qualquer hiper-exposição hoje, é capital.

RtM: Pessoal, obrigado pela atenção, mais uma vez parabéns pelo excelente trabalho, fica o espaço para a sua mensagem final.
Humberto: Queremos agradecer de coração a todos  que nos têm dado apoio, prestígio e nos acompanhado por ai. Agradecemos imensamente a vocês por nos abrirem esse espaço e expor nossa realidade de forma honesta e sincera! Sigam as bandas locais e apoiem realmente o Metal Nacional!!


Entrevista: Carlos Garcia

Attractha are:
Cleber Krichinak (vocals)
Humberto Zambrin (drums)
Ricardo Oliveira (guitars)
Guilherme Momesso (bass)

Contatos: 


   


   


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